Ricardo Soares tinha tocado no assunto na antevisão a esta partida. Este era um dérbi onde o espetáculo estava garantido, já que as duas equipas gostavam de praticar um futebol atrativo. Mas em Barcelos apenas uma equipa jogou... e muito bem. Quem? Veja pelo resultado: Gil Vicente 4x0 FC Famalicão.
Privado de Lucas Cunha e Vítor Carvalho, a quem deixou elogios na antevisão, Ricardo Soares apostou em Diogo Silva e Aburjania, trocando ainda o lateral direito (Hackman por Zé Carlos), enquanto que Ivo Vieira apostou no mesmo onze que perdeu com o Portimonense... e deu-se mal.
No 'calão' do futebol, a palavra 'chocolate' tem uma clara conotação de superioridade. Foi isso que se viu, sem qualquer desprimor para o Famalicão, no lado do Gil Vicente: que enorme primeira parte.
A turma de Ricardo Soares entrou com tudo e chegou ao primeiro logo aos três minutos, fruto de um belo desenho gilista que foi decorado pela subtileza de Fujimoto. O mais difícil estava feito e, sem conseguir tirar espaço ao ataque do Gil, o Famalicão sofreu...
Sem conseguir anular os pontos fortes do rendilhado (mas simples) ataque gilista, o Famalicão foi acumulando erros à medida que o Gil ia aproveitando. O segundo golo pareceu fácil visto da tribuna de imprensa e Ivo Vieira deve ter sentido o mesmo, fazendo duas alterações (já havia feito outra por lesão de Figueiras) aos 38´. Dois minutos... antes do 3x0, por Murilo!
Fazer pior era complicado. E logo aí o Famalicão entrou com uma almofada (sempre negativa neste tipo de casos) para a segunda parte. Onde, também porque o Gil entrou em modo gestão, conseguiu pegar no jogo e mostrar que a cinzenta imagem da primeira parte não é o rosto da equipa.
E a partir do momento em que isso aconteceu, o Gil Vicente acabou com as dúvidas: os três pontos iam mesmo ficar em Barcelos, fruto de uma gestão competente dos ritmos de jogo e de um último forcing no ataque que resultou no 4x0 e no bis de Fran Navarro!
É uma delícia ver este Gil Vicente a jogar. Não é de agora, claro está, mas a capacidade da equipa de Ricardo Soares apresentar um bom espetáculo é incrível, sempre com grandes soluções para entreter o público e chegar aos objetivos. Esta goleada é o pináculo destas características.
O Famalicão não é isto, Ivo Vieira não é isto, estes jogadores não são isto. A mensagem já passou para fora, através do técnico, mas tarda em chegar a quem pisa o relvado: é preciso fazer mais e melhor em Famalicão e os sinais começam a ser cada vez mais preocupantes.
Arbitragem ao estilo de Rui Costa. O árbitro portuense não complicou as decisões - os lances do jogo também ajudaram à análise célere e acertada -, apitou o que tinha de apitar e foi sempre assertivo nos pormenores que colocam os jogadores em sentido.