Quem diria? Poucos. A Hungria, o inquestionável underdog do Grupo F do Campeonato da Europa, travou a campeã do mundo França, este sábado, em Budapeste, ao conseguir um empate a uma bola. Com este resultado, os húngaros continuam «vivos» e os franceses, embora mais perto, ainda não consumaram a qualificação para os oitavos de final.
A França demorou a ser superior no jogo porque o «caldeirão de Budapeste», com os seus 50 mil húngaros fervorosos, tratou de dar «gás» à seleção da casa nos primeiros 15 minutos. Baixa, baixíssima nas suas linhas, a Hungria começou por ser capaz de manter o «TGV» francês bem longe da paragem final à guarda de Peter Gulacsi.
A situação, no entanto, mudou com a primeira ocasião de perigo criada pela equipa de Didier Deschamps. Foi aos 14 minutos, com Karim Benzema a obrigar o guardião magiar a uma defesa junto à relva; Gulacsi brilhou a dobrar nesse lance, mas o segundo remate de Antoine Griezmann seria nulo, porque o auxiliar de Michael Oliver assinalou fora de jogo.
A França pressionava por esta altura, com a equipa bem subida no terreno e a ludibriar com qualidade a densa teia defensiva da Hungria. Aos 33 minutos, novamente o avançado do Paris Saint-Germain em evidência: slalom entre quatro magiares e um remate que não passou longe da felicidade para os franceses. Seria a última oportunidade dos campeões do mundo antes do «balde de água fria».
Capaz de aguentar a pressão da França, a Hungria começou a atrever-se depois dos 35 minutos. A duas ou três saídas rápidas sem sucesso seguiu-se o momento-chave da primeira parte, no segundo minuto de compensação. Roland Sallai lançou Attila Fiola e o laterla, mais rápido do que Varane, manteve o sangue frio perante Hugo Lloris e colocou os húngaros em vantagem e em êxtase.
Por esta altura já os campeões do mundo estavam a forçar o empate, que chegaria aos 66 minutos. O golo nasce de um pontapé longo de Hugo Lloris e de um duelo físico entre Loic Négo e Mbappé que o francês ganhou, antes de servir Antoine Griezmann para o 1x1 em Budapeste. Feliz, ainda assim, porque Orban «amorteceu» de forma perfeita para o francês na tentativa de cortar o perigo.
Com o mais difícil conseguido, a França «atirou-se» em busca da reviravolta completa e do apuramento antecipado para os oitavos de final, mas se na maioria das vezes mostrou ser incapaz de encontrar soluções eficazes para incomodar Gulacsi, nas outras foi mesmo o guarda-redes do RB Leipzig e dono da baliza húngara a defender (a remate de Mbappé, aos 82', por exemplo).
É mesmo uma «caixa mágica», o futebol. A Hungria, empurrada por 50 mil adeptos na Puskas Arena em Budapeste, conseguiu o que poucos perspetivavam: roubar pontos à toda-poderosa França. Os húngaros não são melhores, mas fazem das fraquezas força e entram para a última jornada ainda com possibilidades de apuramento.
Se de um lado a Hungria foi capaz de aproveitar os poucos momentos que teve para ferir a França, do outro houve mais qualidade mas nem por isso mais soluções. A equipa de Deschamps foi pouco criativa e parca em soluções para contornar a sempre densa defesa húngara.