A Europa veste-se do azul londrino do Chelsea. West London é, a partir de hoje e até nova decisão, a capital do futebol do velho continente. O Chelsea foi ao Porto e ao estádio do Dragão levantar a segunda taça da Liga dos Campeões da sua história, ao bater o rival inglês do Manchester City por 1x0. Kai Havertz, o «senhor 80 milhões», passou o cheque da glória aos blues.
Há sensações impossíveis de negar e a de que o Chelsea entrou bem mais confortável na final do Dragão é uma delas. Para além desse conforto palpável, a equipa de Thomas Tuchel contou, por fim, com um Kai Havertz à altura das expectativas que a sua transferência gerou; o alemão «esperou» pela noite mais alta do ano para exibir todos os atributos de luxo que o seu futebol possui.
Inteligente nos terrenos que pisou, refinado nos passes que fez, o ex-Bayer Leverkusen coroou-se a si mesmo a poucos minutos do intervalo com o golo que colocou o Chelsea na frente do marcador. O criativo percebeu o movimento do compatriota Timo Werner, que arrastou Rúben Dias para a zona lateral, e furou pela faixa central; à saída de Ederson, passou e encostou a bola às redes.
Para além do golo apontado praticamente no fecho da primeira parte, os londrinos deixaram outros pelo caminho antes do descanso. Nesse capítulo, Timo Werner foi o homem mais perdulário, porque se aos nove minutos falhou o remate quando estava em posição vantajosa, aos 14' permitiu que Ederson fosse «ao tapete» e defendesse uma bola difícil junto à relva.
Do outro lado, também houve perigo. A qualidade individual dos jogadores do Manchester City é «para dar e vender» e mesmo numa noite em que o coletivo sentiu sempre dificuldades, o talento dos homens só foi dando para manter o jogo em aberto. Por aí, destaque para o minuto 27, quando Kevin De Bruyne descobriu Phil Foden, que só não testou Mendy porque Antonio Rüdiger deu o «corpo às balas».
Foi intensa e jogada nos limites, esta final milionária na cidade do Porto. Tão intensa que Thiago Silva e Kevin De Bruyne sentiram no corpo a dor de um jogo com lugar cativo na história. Os dois saíram mais cedo do que desejariam (o brasileiro aos 39', o belga aos 59'), ambos por lesão e com lágrimas no rosto, que os 14.110 adeptos no Dragão e os milhões pelo mundo sentiram como suas.
Mas houve sempre mais jogo para além destes por maiores. E a perder desde os 42 minutos, coube ao Manchester City enfrentar o relógio para tentar mudar o destino do barco que carrega no símbolo. Os sinais vieram de fora, com Guardiola a mudar o plano original: entrou Gabriel Jesus para dotar o ataque de um homem mais fixo e Fernandinho chegou para ser a «barragem» no meio e libertar Gündogan.
Com o assumir do risco, o City sabia que se expunha aos contra golpes do Chelsea. E foi por pouco que a história não se fechou, aos 73 minutos. Havertz, claro está, conduziu a bola e viu Pulisic (que tinha entrado) ganhar o duelo atlético na área, servindo-o de bandeja. O norte-americano fez o que tinha de fazer, picando sobre Ederson, mas a direção estava ligeiramente desafinada.
Que Mahrez tenha tido o último remate do jogo, aos 97 minutos, já não mudou o rumo de uma história que conta novo troféu da Liga dos Campeões para o Chelsea, depois de 2012. Para o Manchester City, a espera continua...
Deixando a decisão política de parte (passível de ser criticada), é impossível ficar indiferente ao ambiente que a final da Liga dos Campeões trouxe ao Dragão. Cânticos, paixão e adrenalina... o melhor da noite foi mesmo aquilo que já todos sabiam: que não há futebol sem o calor dos adeptos nas bancadas. Ponto.
A final da Liga dos Campeões é, e será, um dos pontos altos na carreira de todos os jogadores que tenham o privilégio de a jogar. Por isso, ver dois «gigantes» como Thiago Silva e Kevin De Bruyne saírem mais cedo devido a lesão, «lavados» em lágrimas pela frustração, é um momento que custa.