Foi com um enorme Taremi e muita pressa, com não menos nervosismo do Farense à mistura, que o FC Porto goleou os algarvios. A festa do Sporting terá de esperar e o segundo lugar está praticamente no bolso dos portistas, que tiveram muitas notas positivas num jogo resolvido muito cedo. Um penálti, a que se somou mais dois golos e uma expulsão de Bilel fizeram com que, à meia hora de jogo, a dúvida fosse pelo volume dos golos. Ficaram-se pelos cinco e ainda houve tempo para Licá atenuar uma terrível noite dos rapazes de Jorge Costa.
Aos 20 segundos, já havia o primeiro amarelo exibido, e até se podia pensar que servisse de alerta para que a cabeça arrefecesse. Nada disso aconteceu. Aos 3 minutos, os dragões pediram penálti, que foi atendido dois minutos depois. Taremi converteu, os algarvios protestaram bastante (até houve quem sugerisse saírem de campo), Tiago Martins deu mais dois amarelos. 1x0 ainda não era sentença nenhuma, mas 3x0, como se via aos 20 minutos de jogo, não apenas era sentença para o jogo como ameaça de goleada bastante pesada. Pior ainda quando, à meia hora de jogo, Bilel viu vermelho direto. Outra vez muitos protestos, outra vez a vontade de abandonar o terreno de jogo.
O FC Porto, que tenta contrariar um destino cada vez mais verde e branco nesta Liga NOS e que, no fundo, fez o seu papel, arrancou para uma exibição que viveu em praticamente metade do campo. Com muita bola e boa dinâmica, os portistas tiveram nas novidades João Mário (lateral direito) e Toni Martínez (a fazer de Marega) dois excelentes acrescentos - não falamos de Grujic, pois já mais parece um titular do que um suplente. E muita criação.
Para o segundo tempo, Jorge Costa teve algo inédito nesta Liga: quatro alterações ao intervalo, algumas a pensar no perigo do segundo amarelo (Lucca e Tavares), outras a olhar para a gestão dos jogos seguintes (Gauld e Pedro Henrique). Assim, sem várias figuras de destaque, foi uma equipa que passou a não querer perder por muitos mais e que, obviamente mais reduzida no plano físico, recolheu ainda mais atrás, num 4x5x0 que permitia aos portistas total controlo da posse.
À frente sim, que Sérgio Conceição, depois do quarto golo (impressionante ação de Taremi, que estava a fechar o lado esquerdo depois de Luis Díaz ter ficado magoado, e que apareceu de rompante à frente para se desmarcar e finalizar), fez várias alterações e meteu os miúdos em campo. Curiosamente, até seria no tal subrendimento que João Mário, já a extremo esquerdo, arrancou para fazer o quinto golo da sua equipa, num excelente lance individual após passe longo de... Marchesín.
Ao Farense restou não perder a compustura. Rapidamente se percebeu que não seria no Dragão que a salvação seria mais visível, portanto ainda na primeira parte passou a ser o Tondela a prioridade de Jorge Costa. No fundo, não tendo perdido mais ninguém, o objetivo foi cumprido, nuns ingratos 60 minutos para os seus jogadores, que tiveram perto do fim o prémio merecido: Diogo Leite calculou mal o atraso, Licá redimiu-se do penálti que fez a abrir o jogo.
Percebe-se que, num momento tão delicado, revés como o Farense teve no início do jogo possam gerar revolta, mas Tiago Martins decidiu globalmente bem os lances capitais do jogo: há mão imprudente de Licá no penálti, Bilel foi muito duro na entrada. Começou com rigor disciplinar e manteve-o ao longo do jogo para as duas equipas.
Taremi e Toni Martínez vão revelando bom entendimento, quer na procura do espaço, quer na luta que oferecem (e que muitas vezes ganham) aos adversários, quer na forma como saem de posição para oferecer à equipa várias soluções. Marega vai sair, mas não parece que o FC Porto vá perder...
É verdade que também perderam a segunda parte, mas nessa altura, já sem algo em jogo, a equipa de Jorge Costa foi bem mais consciente e serena do que na primeira parte, onde se deixou levar pelas emoções e não soube manter a cabeça fria quando era preciso.