Um joker no banco que decidiu em Alvalade e deixou o Sporting a sete pontos de quebrar o enguiço. Os leões, que já somam 30 jogos sem perder e estão a uma jornada de quebrar um recorde nacional, voltaram a sofrer para vencer em casa, mas depois de dois empates com Famalicão e Belenenses SAD a equipa de Rúben Amorim acabou por não vacilar e bateu o Nacional, último classificado, por 2x0.
Paulinho voltou a desperdiçar muitas oportunidades, mas Jovane saiu do banco para quebrar a muralha insular, acabando por arrancar uma expulsão, assistir para o primeiro e fechar o marcador para tranquilizar o líder da Liga uma jornada antes do encontro entre Benfica e FC Porto.
As diferenças entre Sporting e Nacional são claras. Os pontos e os 17 lugares que separam as duas equipas na tabela mostram isso tudo. As mesmas diferenças foram evidentes em campo, mas não no resultado. Mais uma vez, o líder sentiu a pressão na hora de decidir e presenteou quem estava a ver a partida com um festival de desperdício, com o patrocínio de Paulinho e contributo essencial de António Filipe na baliza do Nacional.
Igualmente pressionada, a equipa de Manuel Machado veio a Alvalade com intenções de enervar a formação de Rúben Amorim, embora tenha entrado bem na partida. Os insulares viram os concorrentes pontuar, mas não ganhar e queriam pelo menos fazer o mesmo. Com uma postura defensiva e agressiva, a equipa madeirense levou durante quase todo o jogo as suas ideias a bom porto.
Sem ser brilhante defensivamente - a equipa do Nacional cometeu erros nesse aspeto que deviam ter sido explorados pela equipa do Sporting -, os insulares tinham claramente um espírito de uma equipa que, desse por onde desse, não podia sofrer golos.
Na primeira parte, a formação madeirense ainda procurou as arrancadas de Riascos, mas a nível ofensivo pode considerar-se que foi um jogo de um só sentido, embora isso não fosse visível no resultado. Uma vez mais, e tínhamos destacado isso na antevisão do encontro, faltou eficácia à formação leonina, que criou muitas ocasiões para ter um jogo controlado desde o início, mas o leão dificultou a sua própria vida.
Com o passar dos minutos os nomes de destaque começaram a ser evidentes. Do lado madeirense, António Filipe começou a ganhar duelos atrás de duelos sobre Paulinho, sempre servido por Pote, desta vez muito em jogo e sempre a servir o avançado ex-Braga, que até marcou a passe de Pedro Gonçalves, acabando por ver o golo anulado por fora de jogo do assistente.
No regresso às redes em jogos da Liga mais de nove meses depois, Luís Maximiano teve uma partida relativamente tranquila, acabando por ser chamado a intervir apenas depois do intervalo, quando Manuel Machado já tinha colocado em campo Éber Bessa para dar ainda mais agressividade à equipa insular.
Se na primeira parte o jogo tinha sido praticamente num só sentido, a segunda escreve-se ainda mais dessa forma. Depois do tal lance de Éber Bessa, que aparece na cara de Maximiano, só deu Sporting, mas onde estava a eficácia? Os minutos iam passando e depois de ter ficado a sensação que o golo iria aparecer com naturalidade tendo em conta o volume ofensivo dos leões, essa sensação começou a desaparecer a cada desperdício e à medida que os minutos iam passando, mas dois momentos mudaram a história do jogo.
A entrada de Jovane Cabral foi determinante, quase ao mesmo nível da entrada no jogo contra o FC Porto para a Taça da Liga. O cabo verdiano veio mexer com o jogo e começou por mexer com a ordem dos acontecimentos quando foi travado por Alhassan, que já tinha amarelo, viu o vermelho e deixou os seus 10 colegas com a missão, que já estava difícil, de manter a baliza a zeros.
A velocidade e confiança do extremo transfiguraram o Sporting, que pareceu também ganhar mais confiança coletiva a partir desse momento. Contra 10, os leões encontraram ainda mais espaço para criar situações de perigo, mas Paulinho ficou a dever a Pedro Gonçalves as assistências que o médio podia ter feito neste jogo, embora seja importante destacar uma vez mais a enorme exibição de António Filipe na baliza madeirense, juntamente com Júlio César e Pedrão (só na segunda parte) nos momentos de maior aflição.
Aflição essa que existia dos dois lados. A equipa do Nacional via-se recolhida na grande área e a do Sporting via pela frente uma barreira psicológica que se juntava à barreira temporal. Só que Jovane veio mesmo para assumir.
Um cruzamento de régua e esquadro diretamente do extremo para a cabeça de Feddal e estava definitivamente quebrada a muralha madeirense, que cedeu mais um pouco depois de Jovane converter um penálti que ele próprio conquistou. O segredo estava bem guardado no banco, mas os sportinguistas (e eram tantos à volta do estádio antes e depois da partida) agradeceram que Rúben Amorim voltasse a apostar na cartada Jovane Cabral, o joker que fez toda a diferença.
Arbitragem para esquecer de Manuel Oliveira. Sem qualquer critério na amostragem do cartão amarelo, que retardou o máximo que conseguiu, permitiu, sem punir, as contantes faltas dos jogadores insulares. Nos lances decisivos esteve bem ao anular o golo a Paulinho por fora de jogo de Pote, mas mal ao não assinalar penálti sobre Paulinho nos primeiros minutos da partida.
Muito mais do lado do Nacional do que do lado do Sporting, mas também com culpa para Manuel Oliveira. O ritmo da partida nunca subiu um patamar e grande parte da culpa está nas constantes faltas cometidas, muitas vezes sem qualquer necessidade para tal. Não foi um bom espetáculo.