A qualidade paga-se e faz diferença. O Borussia Dortmund colocou muitas dificuldades ao Manchester City e não tremeu depois do golo inaugural, mas, apesar de ter conseguido marcar fora, regressa à Alemanha com uma desvantagem que fez por não merecer.
A equipa de Guardiola passou por vários calafrios, sentiu algumas dificuldades defensivas e nunca pareceu confortável, mesmo depois de chegar ao 1x0. Depois de algumas oportunidades, o Dortmund chegou ao empate perto do fim e a justiça parecia imperar, mas pouco depois a qualidade dos intérpretes voltou a ser determinante e o 2x1 deixa o Manchester City mais tranquilo para a segunda mão.
A fase a eliminar da Liga dos Campeões da época passada foi atípica e acabou por trazer eliminatórias decididas a um só jogo. Esta época, apesar das condicionantes e das bancadas vazias, há duas mãos para jogar, mas em Inglaterra jogou-se quase sempre como se fosse uma final. A nível artístico o Manchester City x Dortmund não foi particularmente espetacular, embora tenha tido os seus momentos, mas o ritmo da partida fez com que fosse impossível tirar os olhos do que se passava nas quatro linhas.
Apesar da superioridade evidente e da maior tranquilidade no campeonato praticamente conquistado pelo Manchester City, a diferença de valores fez-se nos pormenores. A equipa de Guardiola tem mais qualidade e aproveitou melhor os erros alemães. Num jogo muito aguardado pela visita de Haaland ao Ettihad, o norueguês voltou a ficar em branco, mas não deixou de ser uma dor de cabeça para os centrais da formação inglesa.
Num arranque a todo o gás e com bola nas duas áreas, um erro de Emre Can acabou por resultar no golo de Kevin de Bruyne, que recuperou e ainda foi a tempo de finalizar o passe de Mahrez. O 1x0 surgiu na primeira grande ocasião para o Manchester City, que na área contrária tinha visto Ederson travar o inglês Jude Bellingham ainda antes dos 10 minutos de jogo.
Depois do golo, o Manchester City tentou controlar mais o ritmo e procurou saídas em contra-ataque, tentando aproveitar algumas das fragilidades da formação alemã, esta noite mais raras do que o habitual. Hummels esteve em bom nível, mas o patrão acabou por ser Akanji, que chegou para quase todas as encomendas da equipa de Guardiola.
A desvantagem num encontro equilibrado podia considerar-se injusta, mas neste tipo de jogos os erros saem caros e Emre Can que o diga. O médio ainda tremeu quando viu Ovidiu Hategan assinalar uma grande penalidade a favor do Manchester City, mas o VAR veio dar razão à formação alemã, que acabou por ter motivos de queixa pouco depois.
O ritmo continuou alto, mais por mérito do Dortmund do que do Manchester City. A formação alemã encarou os ingleses nos olhos e tentou dar resposta aos problemas. Antes do intervalo, a grande ocasião dos alemães foi travada pelo árbitro, que assinalou falta de Jude Bellingham depois de este aproveitar um erro de Ederson para recuperar a bola que colocou no fundo da baliza já depois do apito do árbitro. O VAR ficou impossibilitado de atuar e tirou um golo limpo (fora de casa) ao Borussia Dortmund, que podia voltar a lamentar mais um erro, embora este não tenha sido por culpa própria.
O início da segunda parte não foi assim tão diferente como o final da primeira. O Dortmund forçou mais a barra e assustou com uma grande oportunidade de Haaland, mais forte do que Rúben Dias mas a travar novamente em Ederson, que segurou a vantagem inglesa numa altura crítica da partida.
A resposta ao golo de De Bruyne foi intensa e prolongada, mas depois de alguns sustos em contra-ataque o Dortmund pareceu perder aquele gás que até então tinha conseguido mostrar. Foden teve o 2x0 nos pés depois de uma excelente arrancada de Kevin de Bruyne, mas acertou em Hitz, acabando por desperdiçar uma ocasião clara para dar um forte golpe no sonho da equipa alemã. Uma vez mais, um erro fez a diferença. Neste caso um erro na finalização.
É certo que o Borussia Dortmund caiu um pouco após esse lance e deixou de surgir com tanta frequência junto à área de Ederson, mas o menor número de tentativas não esteve relacionado com a eficácia. Numa bela jogada de ataque, Haaland isolou Reus e o alemão bateu finalmente Ederson. O tão desejado, mesmo que não tão procurado, golo tinha surgido e o Borussia, contra as expectativas, iria regressar a casa com a vantagem.
Iria, mas não regressa. O talento individual da equipa de Guardiola voltou a fazer a diferença e um passe magnífico de Kevin de Bruyne encontrou Gundongan nas costas de Meunier. O alemão não traiu a antiga equipa com um golo, como acontece tantas vezes na famosa lei do ex, mas ofereceu-o a Foden. Desta vez o jovem inglês não falhou e isso fez toda a diferença.
A segunda mão promete!
A eliminatória era exigente e o jogo mostrou isso mesmo, mas apesar das dificuldades na Liga o Borussia Dortmund mostrou que não está nesta fase da Liga dos Campeões por acaso. A equipa de Terzic conseguiu responder ao golo de Kevin de Bruyne e criou oportunidades para marcar, algo que acabou por conseguir. O 2x1 logo a seguir foi um duro golpe, mas não apaga o bom trabalho.
A equipa de Guardiola tinha entrado com algumas dificuldades, mas parecia que podia controlar a partida depois do golo inaugural. Os ingleses tentaram fazer isso, mas sentiram claras dificuldades para gerir o encontro e permitiram várias ocasiões. Por outro lado, também o Dortmund teve dificuldade para gerir o empate e numa partida com poucos erros defensivos acabou por errar depois de conseguir fazer o mais difícil.
Erro grave ao assinalar falta de Jude Bellingham sobre Ederson antes do golo, impossibilitando a ação do VAR, até porque a sensação que fica é que a falta não existe e como tal o Dortmund acaba por ser prejudicado.