«A dor de partir não é nada em comparação com a alegria do reencontro». A frase é da autoria do romancista Charles Dickens e pode bem aplicar-se nesta situação. Ainda assim, no jogo que marcou o reencontro entre Rio Ave e Carlos Carvalhal, foi o técnico que saiu a sorrir. Num jogo faltoso no primeiro tempo e de tendência arsenalista no segundo, o Braga respondeu na mesma moeda ao triunfo do Vitória SC, segurando o quarto posto da tabela classificativa com uma expressiva vitória por 3x0. Por outro lado, foram novamente evidentes as dificuldades dos vilacondenses em fazer golo. Ou fazer por chegar a ele.
Como se de um dia de trânsito, em hora de ponta, em pleno centro de Braga se tratasse. E com muitos acidentes. A primeira parte na Pedreira, analogicamente falando, foi um pouco assim: demasiado congestionada.
Quer Braga, quer Rio Ave são um habituê no nosso campeonato pela forma positiva como abordam os jogos e os feitos das últimas épocas, para os dois lados, comprovam isso mesmo. O problema é que não houve arte, engenho nem espaço para isso durante os primeiros 45 minutos.
Se Kieszek não necessitou de grandes aventuras, mais confortável ficou com a saída de Galeno por lesão, vítima do jogo faltoso que tomou conta do jogo. A partir daí, o Rio Ave, com Geraldes numa posição nuclear, conseguiu apostar na velocidade de Mané e Dala nas costas da defesa, provocando um ou outro calafrio na baliza de Matheus.
Carvalhal estava descontente pelo desacerto, desinspiração e incapacidade da equipa em contrariar a estratégia contrária e encorajava os jogadores a partir do banco. Conseguiu, com essa coragem, que na primeira oportunidade de grande perigo, em cima do intervalo, Ricardo Horta inaugurasse o marcador, beneficiando de uma assistência (ou insistência) de Castro, e desse um pouco de cor a um cenário cinzento.
Mário Silva apostou em Jambor para a segunda parte e o jogo ficou menos congestionado... para o Braga. Não que a superioridade fosse espetacular, mas os da casa foram gerindo com cautela e precisão, conseguindo lances para dilatar a vantagem.
A mudança tática do Braga - após a saída de Galeno passou a ser mais um 4x1x4x1 - e a deslocação do brasileiro para a direita surtiram efeito, sendo que Horta passou para o meio em auxílio a Paulinho e a equipa saiu, em termos globais, a ganhar.
À exceção de um lance soberano de André Pereira, o Rio Ave pouco ou nada conseguiu. O Braga, por sua vez, selou a goleada por Paulinho, terminou com clean sheet, segurou o quarto lugar e evidenciou a falta de golo deste Rio Ave 2020/21.
Com Fransérgio mais encostado à direita, Horta no apoio a Paulinho e Castro e Al Musrati no miolo, o Braga não deu azo a grandes aventuras ao Rio Ave na segunda parte, conseguindo controlar o jogo como e quando quis durante esse período.
10 jornadas, cinco golos marcados. No capítulo ofensivo, tendo em conta ao que tem habituado, o Rio Ave deixa e muito a desejar. Na primeira parte, as redes de Matheus até poderiam ter balançado, mas falta mais jogo e um homem golo. Substituir Taremi nunca seria fácil, mas...
Em termos globais, atuação aceitável, pese o jogo mais faltoso. Talvez o critério disciplinar merecesse um ou outro acerto em determinados lances.