A primeira vitória do Marítimo no campeonato apareceu com duas vezes Rodrigo Pinho, um Fábio China a menos, muito sofrimento e muitas perdas de tempo à mistura. Na receção ao Tondela, a equipa de Lito Vidigal venceu por 2x1 graças a um bis de Rodrigo Pinho e sobreviveu a 45 minutos a jogar com 10 por expulsão de Fábio China em cima do intervalo. A segunda parte pertenceu totalmente ao Tondela, mas à equipa de Ayestarán faltou eficácia e sobretudo qualidade na frente para superar a muralha montada pelos insulares.
Duas equipas com sistemas diferentes, a jogarem de formas diferentes, equilibraram os primeiros minutos da partida. Mais tempo com bola e a trabalhar mais os lances, o Tondela foi pecando nos momentos de definição, enquanto o Marítimo tinha intenções claras de procurar a baliza beirã de forma rápida, em contra-ataques e com bolas em profundidade. Dois estilos claramente opostos, mas com a definição a fazer toda a diferença numa primeira parte intensa, agressiva e com Rodrigo Pinho em plano de evidência.
O avançado brasileiro foi uma das novidades no onze inicial e desde cedo começou a ameaçar a baliza de Babacar, com um golo bem anulado numa movimentação já característica neste Marítimo de Lito Vidigal. O brasileiro estava fora de jogo e só isso adiou o golo insular, que surgiu minutos depois, num lance construído à esquerda, onde Fábio China assistiu o avançado para o primeiro do encontro.
A vantagem era justa pelo maior perigo do Marítimo, mas o Tondela não estava propriamente mal no encontro, faltando a tal definição ofensiva e a ligação ao ataque que Strkalj nunca conseguiu dar. Sem a influência do avançado, Agra e Rafael Barbosa iam estando muito interventivos. O ex-Sporting, em particular, foi aparecendo à esquerda e à direita e foi no flanco de Salvador Agra que combinou com o colega para o melhor lance da equipa de Ayestarán em toda a primeira parte. Fábio China acabou por impedir a finalização numa falta que levou à expulsão do esquerdino em cima do intervalo. Como um mal nunca vem só, o Marítimo acabou mesmo por sofrer no seguimento do livre de Salvador Agra, com Pedro Augusto a desviar após defesa incompleta de Amir.
Um final de primeira parte bem agitado que podia ter sido em tudo benéfico para o Tondela, pela expulsão e pelo golo, mas que acabou com a equipa de Lito Vidigal a voltar à vantagem novamente por Rodrigo Pinho, a aproveitar da melhor maneira uma má abordagem do guardião do Tondela. Só o avançado brasileiro servia para separar duas equipas que, embora diferentes no estilo, estiveram quase sempre em pé de igualdade.
Na segunda parte essa igualdade não voltou a existir, bem pelo contrário. Para além da desigualdade numérica, o Marítimo entregou-se completamente ao jogo e deu toda a iniciativa ao Tondela, sem sequer procurar lances de contra-ataque.
Rodrigo Pinho já tinha sido a estrela da primeira parte, mas agora o avançado vivia numa galáxia bem distante da dos seus companheiros, que à medida que os minutos foram passando recuaram cada vez mais para a área de Amir numa situação que deixou o Tondela confortável com bola, também porque a entrada de João Mendes veio dar muita qualidade na posse da equipa beirã, que com remates de fora da área, cruzamentos e livres diretos tentou voltar pelo menos à igualdade. Aos 58', Rafael Barbosa ainda acertou nos ferros, com Amir a conseguir o desvio e esse foi um sinal definitivo de recolher insular.
Lito Vidigal já tinha mostrado no passado conforto para jogar nestas situações e perante o assédio tondelense e a inferioridade numérica o Marítimo não hesitou em encurtar linhas e em quebrar o ritmo de jogo - Amir foi muitas vezes ao chão com queixas (é o nosso menos na caixa abaixo). Até final, o Tondela tentou mesmo tudo, teve mais uma excelente ocasião por João Pedro e outra por Jaume Grau, mas não conseguiu ultrapassar a forte barreira do Marítimo, que em 45 minutos de futebol procurou jogar o mínimo possível, mas acabou por festejar a primeira vitória na Liga NOS 2020/21.
É um dos avançados de qualidade da nossa Liga e Lito Vidigal percebeu isso quando colocou o brasileiro no onze. A aposta dificilmente podia ser mais certeira. Dois golos de classe numa exibição de enorme qualidade, não só no aspeto ofensivo, mas também defensivamente. Qualidade técnica, finalização e trabalho no melhor em campo.
Foi assistido quatro vezes! Se estava mesmo com dores pedimos desculpas, mas foi um exagero e não promove o futebol. A segunda parte teve muitas paragens e grande parte delas para assistir o iraniano, que na baliza teve uma boa exibição, mas neste aspeto merece nota negativa.
Bom trabalho da equipa de arbitragem num jogo com alguma agressividade. Destaque para o vermelho bem mostrado a Fábio China.