Já tínhamos candidato há muito, agora ele virou finalista. O PSG foi muito mais forte, banalizou o Leipzig na meia-final teoricamente mais dividida, ganhou por 3x0 e confirmou a presença na final da Liga dos Campeões.
O PSG tem mais e melhores individualidades, mas esperava-se, também por tudo o que aconteceu na eliminatória anterior, algum equilíbrio na Luz. Começou nessa toada a meia-final, mas os 45 minutos iniciais tiveram muito mais de Neymar e companhia do que outra coisa. Habitualmente dominador, o Leipzig esteve estranhamente passivo e pagou caro.
Claro que essa atitude do conjunto alemão teve muito a ver com as escolhas inicias de Tuchel e com a forma como o técnico as organizou. Paredes, suplente na eliminatória anterior, jogou mais perto de Marquinhos, orientou a construção a partir de trás e o PSG arranjou soluções para todos os gostos no centro do campo. Neymar recuou e desequilibrou, Mbappé jogou mais adiantado e também fez a cabeça em água à defensiva adversária. Tudo bem pensado e ainda melhor executado.
Mas qualquer grande equipa tem de encontrar outras soluções quando a bola corrida não resulta em golo. O PSG encontrou o sucesso na bola parada. Di María, tantas vezes decisivo na Luz, voltou a provar que há poucas canhotas tão bem oleadas no momento de assistir. Cruzamento teleguiado, movimentação perfeita de Marquinhos e cabeceamento ainda melhor. Já nessa altura o Leipzig pouco conseguia construir.
Os alemães não começaram mal, mas apagaram-se à medida que a primeira parte foi correndo. Sergio Rico, habitual suplente, pouco trabalho teve e só numa transição a defesa parisiense tremeu. Mas o grande passe de Olmo, o bom trabalho de Laimer na faixa direita e a boa movimentação e remate de Poulsen foram uma amostra demasiado curta para quem costuma criar tanto.
Se o meio-campo do PSG teve toda a liberdade para criar, tal a atitude pouco proativa do Leipzig no momento de pressionar, o ataque limitou-se a aproveitar um par de erros e inseguranças. Gulácsi borrou a pintura na construção a partir de trás e Di María aproveitou, depois de uma assistência brilhante de Neymar. Que maneira artística e brasileira de seguir para o intervalo!
Habituado a mexer no jogo a partir do banco, Nagelsmann trouxe sangue novo para a segunda parte. Forsberg e Schick foram um upgrade em relação a Olmo e a Nkunku, mas apenas durante os primeiros minutos. O Leipzig obrigou o PSG a jogar bem perto da sua baliza, mas, também aí, os franceses estiveram intransponíveis. Thiago Silva e Kimpembe, o passado, o futuro e o presente na retaguarda. Ninguém passou por ali!
Mas quem comete os erros que o Leipzig cometeu...Nem foram assim tantos, mas foram suficientemente graves. O que resulta no terceiro golo do PSG, o golo que acabou verdadeiramente com o jogo, é particularmente grave e, ao mesmo tempo, uma lição para quem poucas vezes tinha chegado a esta fase. Mukiele escorregou, ficou a pedir falta, a defesa alemã confiou num possível toque, que não existiu, e Bernat, no alto do seu 1,77, apareceu na área sozinho para cabecear rumo à glória.
A partir desse momento, o jogo entrou numa toada completamente morna. O PSG não fez muito para aumentar o score, Neymar até teve tempo para escorregar e desperdiçar uma transição possivelmente fatal e o Leipzig limitou-se a procurar um golo que lhe desse alguma honra. Ninguém a pode tirar a esta equipa, depois de um percurso tão bom, mas segue para a final a melhor equipa, indiscutivelmente.
Histórico!! O PSG está na final da Liga dos Campeões pela 1.ª vez👏 pic.twitter.com/FXyTSjnZt8
— playmakerstats (@playmaker_PT) August 18, 2020
Belo trabalho de Tuchel na abordagem à partida. Soube dar a liberdade certa a Neymar e a Mbappé e, acima de tudo, esteve bem ao juntar Paredes a Marquinhos. A construção do PSG foi quase sempre bem feita e o argentino esteve irrepreensível no passe.
Não se esperava um Leipzig com tantos receios e com tão pouca vontade de correr o mínimo risco. Parar Neymar e Mbappé não é fácil, mas o caminho que Nagelsmann escolheu não foi o mais acertado. Os melhores, e este jovem alemão já provou que é de uma casta muito confiável, também falham.