Não são a única sensação desta Liga dos Campeões, mas são sem dúvida uma das grandes sensações. O RB Leipzig, comandado pelo jovem Julian Nagelsmann, fez história ao chegar pela primeira vez aos quartos-de-final da prova milionária e para tal deixou pelo caminho o Tottenham de José Mourinho.
Depois da vitória pela margem mínima, os alemães venceram em casa por claríssimos 3x0 e completaram uma eliminatória sem espinhas em que não deram grandes hipóteses aos ainda vice-campeões europeus.
Já se imaginava que as ausências de Harry Kane e Son Heung-Min (ainda se juntou à lista o holandês Bergwijn...) viessem a ser muito prejudiciais para a equipa de José Mourinho, que em ambos os jogos desta eliminatória optou por jogar sem um ponta-de-lança tradicional. Nos dois encontros, a principal responsabilidade a nível de golos recaiu em Lucas Moura, mas não é todos os dias que um extremo faz um hat-trick épico, como o brasileiro fez em Amesterdão...
Nesta segunda mão, como na primeira, rapidamente se viu que o RB Leipzig tinha mais poder de fogo do que os londrinos. Timo Werner, autor do único golo no primeiro jogo, voltava a liderar a frente de ataque, mas foi o austríaco Marcel Sabitzer que começou a fazer mossa bem cedo e aos 21 minutos já tinha um bis.
Hugo Lloris ficou marcado pela negativa nos dois golos... não falamos de frangos clamorosos, atenção, mas sim de lances em que o guardião acaba por ser mal batido. No primeiro, logo aos 10 minutos, Sabitzer rematou ainda de fora da área e o braço do francês não foi suficientemente lesto para afastar a bola. No segundo, 11 minutos depois, houve cabeceamento forte do austríaco e Lloris a conseguir apenas desviar na direção do poste, com a bola a transpor a linha.
Para o Tottenham era preciso um milagre como o das meias-finais da época passada, mas a equipa inglesa não mostrava de todo argumentos para tal... desinteressante a atacar e a sentir demasiado a falta de uma referência, foi já perto do intervalo que a equipa de Mourinho se aproximou do golo, com Lo Celso a obrigar Gulacsi a uma grande defesa.
Não havia resposta, Mourinho nada mudou ao intervalo e as dificuldades mantiveram-se daí para a frente. O Tottenham até pareceu mostrar outra atitude no início do segundo tempo e houve contrariedade para Nagelsmann aos 56', com Mukiele a sair de maca depois de levar com a bola na cara e ficar K.O., mas a noite era mesmo para os homens de Leipzig.
Quando o Tottenham subia no terreno, o RB Leipzig conseguia transformar isso em oportunidades de contra-ataque e os alemães continuaram a ser sempre mais perigosos. Foi já depois da entrada de Gedson Fernandes, aos 80', que Forsberg ampliou para 3x0 na primeira vez que tocou na bola, apenas 32 segundos depois de entrar em campo.
Foi o último prego no caixão do Tottenham europeu e a equipa de Mourinho, que também já saiu da Taça de Inglaterra, tem apenas pela frente a luta por lugares europeus na Premier League.
A jogar de forma mais pausada ou a jogar em transição, este RB Leipzig é mesmo um caso sério a nível ofensivo. Foram três golos contra o vice-campeão europeu, sendo que nem foi preciso Werner marcar.
Lá à frente há as desculpas - válidas - das lesões em jogadores fulcrais. Lá atrás, não pode haver desculpas semelhantes, ainda que Davinson Sánchez tenha sido baixa. Os londrinos não souberam fazer frente ao poderio alemão e também Hugo Lloris fraquejou muito.
Nada a apontar à equipa de arbitragem, que foi segura e competente.