Faltou muita coisa ao Benfica na deslocação ao interior do país. Acabou tudo empatado a uma bola, num desfecho absolutamente justo se tivermos em conta o filme dos 90 minutos.
A altitude ajudou o Sporting local, a altitude não ajudou os encarnados, mas que não se retire o mérito a esta formação de Ricardo Soares, quase sempre bem organizada, atrevida e inteligente a sair para o ataque.
O resultado deixa o múltiplo vencedor da prova em maus lençóis, com apenas dois pontos em duas partidas e a não depender apenas de si: se o Vitória SC vencer os dois jogos que lhe restam (contra Vitória FC e SC Covilhã) deixa as águias fora da prova. Aliás, todas as equipas do grupo têm ainda hipóteses de se apurarem.
Uma entrada amorfa, apagada, a permitir logo dois lances perigosos ao adversário, um deles bem defendido por Zlobin. Quem olhasse para os primeiros 10 minutos do Covilhã x Benfica só podia recordar aquilo que aconteceu em Vizela. Só faltou o golo para repetir um filme já visto. Um campeão absolutamente adormecido e uma palavra de apreço e de mérito para um valente e um inteligente Covilhã!
Demoraram a assentar, mas assim que o fizeram colocaram, pelo menos, gelo no jogo, os encarnados de Lage. Ficou tudo demasiado frio, pois o ambiente já ameaçava temperaturas negativas, não houve muita arte nem criatividade, ficando bem à vista a falta de ritmo e de conhecimento da dupla Tomás-Zivkovic, e lugar apenas para um par de grandes oportunidades. Gedson teve a mais flagrante, desviando para a barra à boca do golo, De Tomás fez Bolas brilhar, num belo movimento de rotação.
Sem grandes ideias coletivas, valorizemos o talento individual e puro, até porque a ameaça do intervalo retirou ainda mais clarividência ao favorito Benfica. Jota teve tempo para um passe teleguiado que merecia honras de resumo, Adriano Castanheira andou perto do golo e deixou no ar um pé esquerdo de primeira divisão.
Foram 20? 15? Poucos, pelo menos, os segundos da segunda parte que o Covilhã demorou para chegar ao golo inaugural. Tão cedo que quando Bonani bateu Zlobin, Lage ainda regressava dos balneários. Nem se pode falar da incompetência defensiva dos encarnados, antes de uma ratice que os serranos souberam capitalizar.
Em desvantagem, o campeão nacional foi obrigado a acelerar, a correr mais riscos, a explorar com outra assertividade os flancos, especialmente o esquerdo, onde Nuno Tavares mostrou dotes no cruzamento, nem sempre bem aproveitados pela dupla RDT-Vinícius. Taarabt comandava no meio, com toque de bola, passe e, por vezes, demasiada confiança.
O pressing do Benfica, que começou por ser organizado, passou a algo caótico à medida que os minutos iam passando. Adriano Castanheira, sempre esclarecido e inteligente na tomada de decisão, ficou a poucos centímetros de aproveitar as brechas, mas Jota salvou a Águia na outra ponta do campo, com mais acerto e uma pontaria assinalável.
O extremo que saiu do Seixal ainda ameaçou mais um grande momento, mas a equipa não merecia a inspiração do internacional sub-21. Foi curto, demasiado curto para a diferença teórica e prática das duas formações.
Dois craques, dois talentos num nível diferente, mas os dois responsáveis pelos melhores momentos da partida. Castanheira merece mais, Jota mostrou a Lage todo o talento.
O Benfica até acabou em cima do adversário, mas ficou novamente uma ideia de uma formação presa, demasiado confiante e com menos capacidade para vestir fato-macaco.