Ser melhor equipa, num desporto tão complexo como o futebol, não chega. O Uruguai criou mais, introduziu três bolas no fundo das redes, mas foi o Peru a terminar com o bilhete para as meias finais da Copa América, depois de um 0x0 e de um desempate de penáltis irrepreensível.
Apesar de não ter apresentado uma qualidade de jogo deslumbrante, o Uruguai foi sempre a equipa mais perigosa durante os primeiros 45 minutos. Suárez e Cavani (no caso deste último até havia já fora de jogo) demonstraram desinspiração à frente da baliza, tendo os médios Valverde e Bentancur assumido o protagonismo pela qualidade de passe. Ainda assim, curto, entre muitos bocejos.
O Peru, apesar da boa organização defensiva, não foi muito mais do que um conjunto solidário, capaz apenas de travar a pressão uruguaia, sem que Guerrero, Carrillo e companhia conseguissem assumir o protagonismo junto à baliza de Muslera. Apenas um corte de Giménez a impedir uma finalização perigosa e nada mais para contar.
Não se pode dizer que, depois de uma primeira parte algo apática, o Uruguai não tenha feito os possíveis para balançar a rede. Houve demasiado coração para, ainda assim, menos cabeça, mas as oportunidades foram várias e o caudal ofensivo o suficiente para, pelo menos, marcar um único golo.
E se criatividade não apareceu em grandes doses, a infelicidade invadiu a seleção uruguaia de uma forma quase impensável, cómica, se analisarmos por outro ângulo. A seleção celeste decidiu imitar o anfitrião da prova, chegando ao número embaraçoso de três golos anulados - Arrascaeta já tinha festejado para nada durante os primeiros 45 minutos. O problema? O facto dos lances de Cavani e Suárez terem sido milimétricos.
E se as mudanças dos treinadores nos bancos podem afastar, muitas vezes, a equipa do sucesso, a de Tabárez aproximou o Uruguai do golo. Torreira entrou, o losango do meio campo foi introduzido e Cavani e Suárez tiveram mais companhia no último terço. Insuficiente, ainda assim.
No desempate por penáltis, Suárez foi o único a falhar, tendo os peruanos demonstrado uma competência muito acima da média. «Não nos venham falar em lotarias», terão dito os comandados de Gareca. É que a «sorte» deu mesmo muito trabalho...