Uma vitória suficiente num jogo cinzento, a antever o fim de semana chuvoso que se avizinha. O Sporting meteu pressão no Sporting de Braga e continua a realizar uma boa época caseira, depois de vencer o Santa Clara por 1x0.
Um golo de Raphinha bastou para a equipa de Marcel Keizer somar os três pontos numa partida mal jogada de parte a parte. A formação açoriana mostrou qualidade no momento defensivo mas um completo deserto de ideias no processo ofensivo, enquanto o Sporting, numa noite mais apagada de Bruno Fernandes, foi vivendo das arrancadas de Raphinha, o único a abrilhantar uma noite triste.
Agora, o cansaço não serve de desculpa. Foi difícil arranjar adjetivos para contar aos nossos leitores como foi a primeira parte. Adjetivos positivos, claro. O melhor foi que ninguém se aleijou. Tirando isso, foram 45 minutos desperdiçados pelas duas equipas, que foram participando num concurso para ver quem falhava mais passes e quem tinha menos ideias na hora de atacar.
Se durante algumas semanas Marcel Keizer lamentou o cansaço e falta de treinos com a equipa, agora o caso mudou e o técnico holandês voltou a apostar naquele que, na teoria, seria o onze mais forte. As individualidades estavam lá, mas a nível coletivo foi tudo muito pobre e o adversário também não ajudou.
João Henriques tinha dito que a sua equipa ia jogar sem pressão. É verdade que o fez, mas os primeiros minutos foram elucidativos de uma equipa que, em Alvalade, surgiu demasiado descomplexada. Passes fáceis acabavam fora de campo e deixavam o técnico do emblema açoriano fora de si, e com razão. Poucos podiam estar satisfeitos perante uma primeira parte tão pobre e sem motivos de interesse.
Sim, Raphinha procurou algumas arrancadas, Acuña fez vários (demasiados) cruzamentos e Wendel rematou à baliza, mas foi só isto. Muito pouco para um Sporting que ainda tem, ou pelo menos deve ter, aspirações de atingir algo mais neste campeonato. Se assim era, essas intenções não foram percetíveis durante 45 minutos sem ideias e com uma dificuldade gritante com bola, com os defesas entregues a uma equipa estática e sem procurar imprimir velocidade na circulação e no jogo. Em suma, 45 minutos sem histórias para lhe contar. Esperamos que não nos leve a mal, mas foi apenas isto que se passou. Cabia às equipas procurar mais e talvez compensar os adeptos, alguns vindos dos Açores, pelo meio bilhete sem valor qualitativo, para nós compensarmos os nossos leitores pelo clique neste artigo.
A segunda parte melhorou. Tinha tudo para melhorar. O primeiro minuto foi uma espécie de sinal de esperança, mas apenas do lado sportinguista. Raphinha, que já tinha estado muito interventivo na primeira parte, apareceu em zona central e obrigou Marco a uma excelente defesa, a primeira complicada em toda a partida. Havia mais pressão da equipa de Marcel Keizer, que depois de uma primeira parte em que lhe foi dada a iniciativa de jogo parecia ter acordado, enquanto o Santa Clara foi mais do mesmo, com o bloco baixo e sem encontrar uma forma de ameaçar a baliza de Renan.
Para além do deserto de ideias com bola, a equipa de João Henriques já tinha apresentado períodos de desconcentração na primeira parte e foi no aproveitar dessa desconcentração que o Sporting acabou por chegar ao golo. Acuña e Bruno Fernandes foram inteligentes no lançamento de linha lateral e o médio não teve dificuldades para assistir Raphinha, que só teve de encostar e deu alguma cor a uma partida tão cinzenta.
O problema é que depois do golo o jogo voltou a aproximar-se daquilo que tinha sido a primeira parte. Havia mais cansaço e quando as equipas partiam apareciam espaços para atacar, mas temos de voltar a tocar na questão das ideias. Tão poucas e tão pobres, uma vez mais. O Santa Clara não aproveitou alguns deslizes cometidos na saída de bola da equipa leonina, que, por sua vez, também não aproveitou para resolver a partida nas poucas ocasiões que criou. Bas Dost voltou a ser inofensivo, Bruno Fernandes, que até assistiu, esteve muito abaixo do habitual.
Foi uma vitória com nota suficiente para uma equipa sportinguista que encontrou no Santa Clara um adversário demasiado tranquilo e que ofereceu muito pouco ao jogo no capítulo ofensivo, apesar da boa imagem dada, exceção feita às desconcentrações, no processo defensivo. Os adeptos das duas equipas não mereciam esta exibição antes do fim de semana, mas os do Sporting acabam por ir para casa um pouco mais satisfeitos.