Muitos previram ao longo do jogo um nulo no desfecho, até porque tanto como outra equipa teimavam em não aproveitar as ocasiões concedidas pelo adversário. Mas houve mesmo um Sporting a levar três pontos para casa: não esse, mas o de Braga, o da casa, que deu ao leão uma fresca memória triste de um recinto que ainda num passado recente valeu um troféu para Alvalade.
Desde logo, vimos um primeiro tempo de erros mal aproveitados; com intensidade e (algum) bom futebol, mas com fraca definição no último terço. Numa fase inicial era o Braga que mais facilitava na transição e deixava os leões ganharem bolas com demasiada facilidade, mas a ineficácia predominava nos momentos decisivos no ataque.
Sem William Carvalho, lesionado, Jorge Jesus tinha desde logo sido obrigado a fazer ajustes, juntando Bryan Ruiz a Battaglia e Bruno Fernandes na zona central. Na prática, significava isto que o argentino era o elemento fixo no meio-campo defensivo, com o costarriquenho e o português a alternarem entre si no apoio. Quando era Bruno Fernandes a subir, em particular, o perigo pairava às portas da grande área do Braga.
E era assim, com o catalisador Bruno, que o primeiro lance de algum perigo aparecia em Braga, mas Bas Dost, tal como alguns minutos depois servido por Acuña, não conseguiu desviar na direção certa, num lance em que pediu grande penalidade mas Luís Godinho, com recurso ao VAR, discordou. Foi apenas a primeira pequena amostra da influência da nova tecnologia no desenrolar da partida, ali pelo meio de uma fase de ligeira supremacia leonina (sim, ineficaz).
O Sporting de Braga precisava de crescer e foi quando passou a ser o Sporting a errar mais nos passes que a equipa de Abel Ferreira se começou a impor, pela meia hora de jogo. Wilson Eduardo ficou a centésimos de segundo de finalizar bem - em alta velocidade, só conseguiu atirar à malha lateral da baliza que naquele momento não era ocupada por Patrício - mas o grande momento do primeiro tempo foi já perto do recolher aos balneários, e logo depois de um veemente pedido de penálti sobre Ricardo Horta por parte dos adeptos bracarenses.
O crescimento em campo do Braga, que se vislumbrava desde o primeiro tempo, prosseguia no segundo, e o Sporting via-se em apuros. O Braga não se vergava, jogava com ambição, consciente de que nem sempre era possível construir as jogadas conforme desejado do início ao fim mas em constante busca de brechas para ferir o leão.
Ricardo Horta ameaçou de longe - como ia procurando fazer ao longo do jogo -, Paulinho cabeceou para as mãos de Patrício. Os pecados de uns iam ser perdoados por outros e o nulo até se afigurava como desfecho provável, mas um central com veia de goleador quis um desfecho diferente.
Já corria o minuto 87, e já o Sporting jogava reduzido a dez devido à expulsão de Piccini, quando Raúl Silva apareceu no momento certo na sequência de um livre lateral a cabecear para o fundo das redes. Houve consulta ao VAR, como nas ocasiões anteriores, mas desta vez a decisão foi favorável aos da casa, que festejaram um muito saboroso triunfo diante de um dos três grandes.
E é assim, com esta derrota numa altura em que há seis jornadas por jogar, que o Sporting fica ainda mais próximo do adeus ao título. Mais do que isso, vê o Braga ainda mais à espreita do seu lugar no pódio.