Sentença holandesa ao cair do pano

Num duelo com indefinição no resultado até ao final e frente a um adversário de grande coragem e valia, o Sporting conseguiu arrancar três pontos a ferros, vencendo no terreno do Rio Ave com um golo de Bas Dost aos 85 minutos.

Os leões estiveram por baixo no encontro durante grandes períodos e o Rio Ave ameaçou marcar em várias ocasiões, mas a eficácia do goleador holandês acabou por ser decisiva para a equipa de Alvalade, que sobe provisoriamente ao topo da tabela.

Jogar como gente grande

O onze escolhido por Jorge Jesus, que repetiu a equipa que goleou o Chaves, fazia antever um Sporting a entrar forte e a procurar colocar a bola na frente de ataque com frequência. Se foi isso que os leões tentaram? De certa forma, sim. Se o conseguiram? Por muito tempo não, mas acabariam por sorrir.

Já no que toca à equipa da casa, a história é bem diferente. Este Rio Ave de Miguel Cardoso não gosta de ser equipa pequena, ou pelo menos não gosta de jogar como tal, seja contra quem fôr. Já tinha causado problemas a Benfica e FC Porto, quis fazê-lo agora ao Sporting.

Com apenas dois minutos no cronómetro chegou o aviso: isolado por Tarantini, Barreto atirou cruzado e fez a bola passar perto da baliza de Rui Patrício. Sim, o Rio Ave lutava pelos três pontos. Já o Sporting, de forma algo surpreendente, via-se muitas vezes obrigado a procurar as bolas longas para marcar alguma posição no jogo. A única ocasião clara do primeiro tempo para os leões - que viram Mathieu sair lesionado - foi aos 32', por Acuña, que rematou pouco por cima no seguimento de um erro de Pelé.

De resto, era o Rio Ave que ia animando a noite. Ainda antes do intervalo Rui Patrício foi obrigado a vestir a pele de salvador e impedir o golo de Guedes com uma defesa impressionante, encaixando também depois um remate de Barreto. O intervalo chegava com um nulo e se alguém podia torcer o nariz ao marcador era o Rio Ave.

Mexer e (tentar) inverter a balança

O treinador dos leões percebeu que o jogo estava a fugir à sua equipa e logo ao intervalo fez Battaglia render Podence, na busca do controlo a meio-campo. O papel de desequilibrador pelo centro era entregue quase em exclusivo a Bruno Fernandes, para quem os primeiros 45 minutos haviam sido tempo quase perdido.

O ritmo não era muito acelerado por esta altura e não se podia também dizer que tivesse chegado o domínio leonino. Ainda assim, a equipa de Jorge Jesus conseguia pelo menos equilibrar o ritmo de jogo e, discretamente, começar a mostrar as garras. As ocasiões alternavam-se. Bas Dost chegava atrasado a um cruzamento, o Rio Ave respondia com um remate de Barreto para mais uma defesa difícil de Rui Patrício. Acuña atira contra um defesa, Guedes falhava na cara do guardião leonino.

A sensação era de que um golo, nesta altura, tinha tudo para ser decisivo. E isso justifica bem os festejos sportinguistas quando Bruno Fernandes atirou para o fundo das redes aos 69'. Os festejos ainda duraram algum tempo, mas afinal o remate certeiro de nada havia servido: Jorge Sousa recorreu ao VAR e viu (bem) o fora-de-jogo no lance, invalidando o golo.

Bas Dost a castigar

Voltava a indefinição no resultado, voltava a convicção de que um eventual golo - que afinal não fôra aquele - podia decidir a noite. E por um momento os anfitriões acreditaram que a noite poderia bem ser deles: já nos últimos dez minutos, Guedes falhou de forma incrível perante a baliza leonina.

Um falhanço que acabou por ter castigo duro. Logo nos momentos que se seguiram, apareceu Bas Dost. O tal que andava desaparecido e que regressou com um hat-trick contra o Chaves, o tal que também hoje quis decidir. Apareceu em posição de finalização - parece estar no limite do fora-de-jogo -, cabeceou e a bola ainda bateu no poste mas só parou no fundo das redes.

🇵🇹Jesus supera o melhor arranque (10J na Liga) dos últimos 27 anos do Sporting com:
2017: 8V, 2E 22-5 +17 [JJ]
2015: 8V, 2E 19-5 +14 [JJ] pic.twitter.com/m0oYZrNBit

— playmakerstats (@playmaker_PT) 27 de outubro de 2017