Ao terceiro jogo da fase de grupos, a seleção portuguesa despediu-se de uma histórica primeira participação no Campeonato da Europa de futebol feminino. O último adversário, a poderosa Inglaterra, deixava as portuguesas cientes de que seria muito difícil dar um novo capítulo a esta odisseia pela Holanda, mas o apuramento esteve vivo até ao final, até porque graças ao resultado do outro encontro do grupo, Portugal chegou mesmo a estar em posição de seguir em frente na prova.
Os arranques em cada uma das partes acabariam por deitar tudo a perder para a seleção portuguesa, que de resto conseguiu dar luta ao adversário ao longo do encontro. Mas o início do encontro, desde logo, tornou tudo muito complicado, devido a um raro erro da guarda-redes Patrícia Morais. Logo aos sete minutos, a guardiã aliviou mal e entregou a bola Duggan, que colocou a bola por cima da guarda-redes lusa e deixou desde logo a Inglaterra em vantagem.
Parecia que poderia terminar cedo a luta portuguesa, mas mesmo perante uma boa estratégia das inglesas uma jogada bem construída por Portugal no ataque recolocou a equipa das quinas na luta pelos quartos. Um grande passe de Cláudia Neto encontrou Diana Silva pela direita, o primeiro cruzamento da avançada não passou pela defensiva inglesa mas à segunda tentativa a bola chegou mesmo a Carolina Mendes, que encostou e celebrou o seu segundo golo na prova.
Sonhava-se de novo. Pouco tempo depois, Diana Silva voltava a cruzar em busca de Carolina Mendes, que por pouco não conseguiu encostar para o que poderia ter sido a reviravolta. E além disso, do outro jogo chegariam boas notícias. A Escócia conseguira marcar diante da Espanha antes do intervalo, pelo que na conjugação de resultados que se verificava no momento, Portugal estava em posição de seguir para os quartos-de-final.
Tal como no primeiro tempo, uma arrancada menos conseguida de Portugal no segundo permitiria à Inglaterra voltar a saltar para a frente do marcador. Nikita Parris, com uma grande arrancada numa jogada individual, passeou entre as defesas portuguesas e finalizou por baixo das pernas de Patrícia Morais. Nestes momentos, sim, sentia-se a tal superioridade inglesa, tantas outras vezes atenuada graças à capacidade de luta das portuguesas.
Ao contrário do primeiro golo, e talvez devido à fadiga que já se começava a sentir, a reação de Portugal ao segundo tento das inglesas não foi suficiente. A Inglaterra mantinha o controlo do jogo e raramente dava espaços que as lusas pudessem aproveitar. Surgiam problemas físicos - Patrícia Morais esteve durante algum tempo a ser assistida no relvado - e quando Portugal conseguia pegar na bola, não passava além da linha defensiva adversária.
De livre direto, Dolores Silva fez a bola passar perto da baliza inglesa e reacendeu a esperança - a Escócia continuava a vencer... - mas não foi possível fazer mais. O último suspiro do encontro trouxe ainda uma última ocasião, defendida pela guarda-redes inglesa.
Foi de cabeça erguida que Portugal entrou neste Europeu e foi de cabeça erguida que saiu. Com duas derrotas, sim, mas com uma histórica primeira vitória que ninguém nos pode tirar e com a crença de que o futebol feminino do país tem tudo para continuar a crescer.