Foi com um enorme Iker Casillas e uma chama que quase parecia desaparecida, mas que surgiu em boa hora, que o FC Porto virou o resultado na Luz e animou ainda mais o campeonato. Num grande jogo de futebol, com muitas oportunidades, o Benfica mostrou desperdício e os portistas voltaram às noites de glória.
Jogatana!
Novidades centrais
Rui Vitória apostou em Lindelöf, tal como no Restelo, José Peseiro surpreendeu com Chidozie ao lado de Martins Indi.
Foi numa altura em que o Benfica já fazia pender a balança a seu favor no campo que Mitroglou abriu o marcador. O lance, por si só, não representou apenas o bom momento de forma do avançado grego, mas sobretudo a diferença que Renato Sanches representa para esta equipa, alto na pressão e destemido no risco.
Que ambiente...
Antes da entrada das equipas, surgiu nos ecrãs um vídeo feito pelo adepto encarnado Guilherme Cabral. A seguir, os intervenientes apareceram perante um cenário belíssimo nas bancadas. Dois momentos arrepiantes de assistir.
Por essa altura, era um FC Porto aparentemente derrotado no ânimo. Aos dragões, restava a fibra para contrariar tudo. Pois tudo era desfavorável: a classificação, o momento, o ambiente. De tudo o que havia de negativo num Estádio da Luz repleto, esse estaria do lado azul. Previsão errada.
Ou previsão... Herrera. Foi no pulmão e no pé do médio mexicano que os portistas, sem nada o fazer prever, regressaram ao jogo e ao campeonato. Numa excelente primeira parte, marcada pelos assobios a Maxi e pelas várias oportunidades de parte a parte, sobraram várias conclusões: este Benfica tem bem mais estofo do que o da primeira volta; este FC Porto joga com menos bola, mas é muito mais objetivo.
Não fosse o desperdício à frente da baliza (sobretudo do lado das águias, que têm sido letais) e poderíamos estar a falar de uma mão cheia de golos nos 45 minutos iniciais. O desperdício e... Iker Casillas. Já tinha estado em grande no jogo do Dragão, agora voltou a ser vital para que, no recolher dos balneários, a incerteza pairasse.
O inferno gelou
Aboubakar fez o segundo ©Carlos Alberto Costa
Interessante também analisar a componente tática. Peseiro optou por Brahimi a começar no meio e, depois do golo, devolveu-o (e a André André) à posição mais habitual, o que fez crescer a equipa. Rui Vitória, com isso, trocou Pizzi e Gaitán, não apenas para que Layún não se aventurasse tanto no ataque, mas também para que o português segurasse Maxi. Não deixa de ser curioso que... ambas resultaram - daí também a nota elevada de qualidade do jogo.
Isto para fazer a ponte para o segundo tempo e para dizer que começou melhor quem manteve. Os dragões, mais espetivos, deixaram em sentido as águias, que aceitaram, perceberam o toque e responderam. E de que maneira!
Só que, à avalanche de ataques encarnados, respondia Iker. Que grande exibição do espanhol, a crescer à medida que o jogo corria e a manter acesa a chama do dragão acesa. Parecia ténue, mas foi crescendo, de forma discreta, sem se dar por ela, até rebentar por Aboubakar.
A cambalhota estava feita e, na Luz, o sentimento era de espanto. Isto porque o Benfica, que vinha mostrando ter na eficácia a sua maior força, provava precisamente a dose que costumava servir aos adversários. E se as águias poderiam reagir no imediato, alguém não deixou. Casillas, sim.
Salvio oito meses depois
Já com 1x2 no marcador, momento para o saudado regresso de Salvio, 265 dias depois da lesão frente ao Marítimo.
Entrou Carcela e Talisca (não é médio, definitivamente), depois ainda se deu o regresso de Salvio, mas as ofensivas das águias já não foram as mesmas. Do outro lado estava uma equipa experimentada e com o clique que já lhe parecia desaparecer.
Não fugiu e temos campeonato!