Três palavras, a comunhão perfeita. Obviamente que o mérito de um Barcelona que parece imparável a conquistar títulos não se pode atribuir ao argentino, mas o que Messi faz quando está em forma deixa pouca margem para outras estrelas. A jogar assim, não há nada nem ninguém que chegue perto do 10 blaugrana. Esta noite, mais um recital, na conquista da Copa del Rey frente ao Athletic.
Estádio dividido
A final foi em Camp Nou, mas metade da lotação era basca.
Resolver a toda a velocidade
A curiosidade de ouvir o hino espanhol de forma distanciada, com os assobios de catalães e bascos a sobreporem-se, logo ficou para segundo plano. Muito se falou desta final, desde as questões políticas à definição do local. Por isso, o Camp Nou estava completamente dividido, numa verdadeira invasão basca (cerca de 50 mil adeptos).
Invasão basca à Catalunha ©Getty / David Ramos
Porém, a divisão equalitária ficou-se por aí. Lá dentro, e apesar de a primeira jogada de perigo ter sido junto a Ter Stegen, o recital de bola foi dado pelo Barcelona.
Uma, duas, três, quatro oportunidades? Não, foram bem mais, por parte de um conjunto que está numa forma soberba, que tem um Rakitic enorme e que, definitivamente, voltou a ter o Messi de Ouro. Caro leitor, aqui a nossa tarefa é descrever e ser o mais claro possível, mas não queremos arriscar na adjetivação ao golo que Messi marcou. Certamente que nunca serão palavras suficientemente justas para o caracterizar.
A acompanhar a fase soberba de Messi estão os outros companheiros do ataque. Suárez construiu o segundo, que Neymar concretizou, e todos puderam proporcionar à equipa uma goleada ao intervalo. Não o fizeram, sobretudo porque Herrerín foi enorme na baliza.
Neymar marcou entre os dois de Messi ©Getty / David Ramos
Ao intervalo, era curioso observar a cara assombrada de alguns jogadores do Athletic, que, tirando Williams, deveria estar toda a desejar o fim do desafio, tal a diferença de ritmo em relação a um Barcelona que, numa velocidade superssónica, destruiu o adversário no primeiro tempo.
Regresso à velocidade humana
Mesmo continuando por cima e controlar na totalidade o jogo, a equipa de Luis Enrique baixou ligeiramente o ritmo na segunda parte. Iniesta saiu e a equipa quis ser mais ponderada com Xavi a pautar.
Ainda assim, a necessidade de golo continuava a existir, bem como a tentativa de desequilíbrio, não apenas pelos homens da frente, mas também pelos laterais Jordi Alba e Dani Alves, sedentos por subir e deixar de lado as preocupações defensivas (que não eram necessárias).
Foi exatamente por Alves que o terceiro golo apareceu, tão simples quanto a sua corrida na direita, tão natural como o subtil e certeiro toque de Messi, sempre ele, a meter o toque final numa pintura de 45 toques seguidos na bola.
O Athletic, diga-se, valeu pelo último quarto de hora, na qual, já depois de Iturraspe entrar em campo, os bascos se renovaram nos esforços e marcaram o golo. Isso e as picardias finais, por causa de um cabrito feito por Neymar que deixou os adversários completamente irados com a atitude do brasileiro (por considerar um ato de desrespeito).
Nada que minimizasse o mérito de um Barcelona que ganhou mais um troféu e que, ao mesmo tempo, ainda pôde gerir a equipa a pensar na final em Berlim.