Os rescaldos das eliminatórias da Taça de Portugal são sempre ricos em histórias diferentes. A de Pedro Bonifácio não foge à regra. O Levezinho de Torres Vedras volta a estar em grande, depois de ter vestido a pele de herói do Torreense na receção ao Nacional da Madeira, e agora pensa no Benfica.
A tarde até podia ter sido amarga, depois de Rui Silva lhe ter negado o golo na conversão de uma grande penalidade aos 86 minutos, mas os descontos foram sinónimo de sucesso e de explosão de alegria no Manuel Marques, que se vai habituando a ver proezas na prova raínha. Um dia depois, o avançado de 31 anos falou com o zerozero.
«Monitor famoso, é verdade. Hoje algumas crianças diziam-me que me tinham visto na televisão, foi engraçado e diferente», reconheceu.
Ainda assim, este não é um caso único na sua carreira. Basta lembrar que foi Pedro Bonifácio, à conta de dois hat-tricks pelo Atlético da Malveira, o melhor marcador da prova na época passada. Agora, também está no topo.«Estou empatado com o Jorginho [União de Leiria], mas ainda tenho mais uma oportunidade para fazer golos. Vamos ver se consigo. Dois anos seguidos... seria inédito».
A Taça já só tem mais três etapas até ao Jamor. Esse é um desejo demasiado utópico, mas as probabilidades de um encontro que marque a carreira de um jogador fica mais possível. Pedro Bonifácio tinha dito logo no fim do jogo que era o Benfica quem mais gostava de defrontar e a opção mantém-se.
«Eles não se iam preocupar muito comigo, nós é que teríamos que nos preocupar mais com eles», sorriu um jogador que, apesar do instinto matador, não subiu ao profissionalismo no futebol nacional.
«Porquê? É uma boa pergunta, à qual não sei responder... O futebol é feito de oportunidades e a minha nunca apareceu. Fui fazendo os meus golos, não tantos como os que tenho feito ultimamente. Talvez também não tenha aparecido a oportunidade por causa das minhas características, que podem não se enquadrar tanto numa liga profissional, onde se gosta mais de avançados fortes para jogo direto», analisou.
O Torreense eliminou o Nacional: nas 3 últimas vezes que defrontou uma equipa do 1.º escalão, a equipa de Torres Vedras qualificou-se.
— playmakerstats (@playmaker_PT) 20 de novembro de 2016
Então, com quem se pode comparar Bonifácio nessa questão das características? «Já houve o Liedson, a quem chamavam o Levezinho. Nunca estava quieto, sempre em movimento. Posso dizer que sou parecido. Também gosto do André Silva atualmente e sempre me identifiquei com o Raul».
Por fim, a história. O Torreense já foi a uma final (1956/57) e já teve outras páginas muito douradas, como a de 1998/99. Este ano, mais história está feita, se bem que a prioridade é outra.
«A Taça é outra visibilidade. É uma montra para nos mostrar-nos. Não é que nos esforcemos mais nesse dia, mas somos mais vistos nesses jogos. Não nos podemos relaxar, a nossa competição principal até é o campeonato e queremos continuar nos lugares de acesso à subida. Não ganhamos nada e vamos manter-nos com os pés no chão», receitou.
1-0 | ||
Pedro Bonifácio 90' |