Quando se fala de paixão, quantificar atos pode trazer juízos precipitados. O melhor é mesmo não o fazer. Mais interessante é avaliar o ato pela sua qualidade e, no que toca a futebol, pela crença.
Não foi fácil, durante a passagem do zerozero.pt por Berlim, encontrar sons portugueses. Por isso, foi de forma inesperada que, na espera pelo voo de regresso, nos deparamos com o português fluente de José Pereira com os seus.
Portista e portuense, aquele que passou de imediato a nosso entrevistado é homem de viagens. Gosta de o fazer e Berlim pareceu-lhe um bom destino para esta altura. Mas não foi agora que o decidiu, já tinha sido em outubro. Razão? A crença.
«Em outubro comprei para mim e para a minha mulher. Depois, convenci o meu sobrinho a comprar também. E ele, a seguir, sugeriu então não perdermos tempo e reservar também hotel. Chegamos na sexta, foi um fim de semana», destacou, passando depois à explicação profunda.«Sou adepto fervoroso, com a nova renumeração passei a ser o sócio 2561, portanto como vê já tenho uns anos consideráveis. Tenho lugar anual no Dragão, claro, e esta época estava a ver a equipa a jogar muito bem, a praticar um futebol bonito. Vi os dois ou três primeiros jogos na Liga dos Campeões e achei que, com alguma sorte no sorteio, podíamos vir cá ter. Nos oitavos até tivemos. Só não queria que calhasse o Barcelona, porque sabia claramente que eles iam ganhar isto. Mas aquele jogo em Munique foi muito mau, jogamos sem defesa e aconteceu aquilo
Costuma viajar com o FC Porto para fora. Para a Alemanha não seria a primeira vez, pois já tinha ido a Hamburgo com os dragões. Holanda, Polónia, Espanha (nesse é «sempre que o FC Porto lá vai»), todos já receberam o adepto azul e branco, que tinha estado pela última vez com a equipa em Paris, contra o PSG.
Contudo, «esta seria a primeira final» europeia. Por dois motivos: porque, em 1987 e em 2004 «questões profissionais não permitiram», e porque «Liga Europa é a segunda divisão», pelo que não o atrai.Veio na mesma, como já se disse. Não foi ao Olympiastadion, mas, no dia em que chegou, reservou mesa num restaurante no centro de Berlim e, às 20 horas (45 minutos antes do apito inicial), aí estava «a comer bem, a beber bem e a ver o jogo», que só não foi no estádio porque não teve hipóteses de comprar o ingresso.
Por agora, ainda é cedo (até porque as reservas precisarão de mais tempo). Só que as palavras de José Pereira indiciam um cenário: 2015/2016 poderá ter nova reserva antecipada, em San Siro.
«Gosto desta equipa, gosto deste treinador, desde o Villas-Boas que não havia tão boas exibições. Não ganhamos nada, é certo, mas jogamos um futebol espetacular e que é reconhecido em toda a Europa, como se viu. Não ganhamos porque o Benfica, internamente, tem o colinho, isto e aquilo. Mas, quando há estes jogos europeus, é que se vê quem joga. Portanto, claramente acredito que, com reforços à altura, podemos pensar na final da próxima época», rematou, convicto.
Isto é, como falamos no início do artigo, a tal paixão, a tal crença que vive dentro do adepto e que o move para atos de dedicação extrema. Porque, «ao contrário da maioria dos jogadores e dos treinadores, os adeptos têm sempre uma devoção exclusiva».
1-3 | ||
Álvaro Morata 55' | Ivan Rakitić 4' Luis Suárez 68' Neymar Jr. 90' |