Nuno Coelho, da amizade com Matic aos velhos tempos com Aimar

Um dia perguntaram a Jorge Luís Borges (emblemático escritor argentino) de que servia a poesia e assim respondeu: "Para que serve um amanhecer ? Para que servem as carícias ? Para que serve o cheiro do café ?". No Desporto-Rei também o amor, a paixão, o orgulho e gosto não podem ficar fora-de-jogo.

Natural da Covilhã, onde começou a "namorar" a bola ainda jovem, Nuno Coelho já jogou ao lado de nomes como Aimar, Saviola, Vítor Baía, Matic, entre outros. Muitos podem dizer que "ainda não ganhou muito" mas a verdade é que aos 27 anos, o jogador continua a fazer o que mais gosta. Numa conversa franca, aberta e frontal com o zerozero.pt, Nuno Coelho revisitou os seus tempos no FC Porto e no Benfica, sem esquecer o «orgulho» da sua carreira que segue agora no Arouca.

Nuno Coelho cumpre a segunda época no Arouca ©Hélder Sousa

«É sempre um objetivo para qualquer jovem português chegar aos grandes e eu consegui isso. Infelizmente, e também como na maior parte dos jogadores jovens portugueses, não é fácil atingir o patamar da equipa principal e jogar com regularidade e muitos procuram a sorte no estrangeiro ou em outros clubes. Não guardo nenhuma mágoa a nenhum deles mas acima de tudo um orgulho por ter estado lá. São os dois grandes clubes de Portugal, não menosprezando o Sporting. O futebol é mesmo assim. Sempre disse que queria jogar onde tivesse oportunidade. No FC Porto e no Benfica não tivesse essa oportunidade e segui a minha carreira com todo o orgulho», explicou.

A amizade com Matic e o talento de Aimar

«Quando estive no Benfica o Matic não era primeira opção e eu era dos poucos que conseguia falar com ele pois falava inglês. O Javi García estava em grande forma e o Matic dizia-me que o mais importante era trabalhar bem, aprender com o mister Jorge Jesus. Já na altura dava para ver que ele ia dar o salto, como se verificou no Benfica e como se vê agora no Chelsea», afirmou Nuno Coelho, salientando também a postura de Aimar.

«É um jogador com muita experiência. Um jogador que não falava muito fora do campo mas tinha sempre uma postura correta com os jogadores mais velhos e os mais novos. Dentro do balneário do Benfica ele era visto como um exemplo. Era um jogador muito respeitado e até o Jorge Jesus sentia que ele era um líder que ali estava. Praticamente o Aimar nem precisava de falar, bastava um olhar dele e nós sentíamos o que ele queria», afirmou Nuno Coelho, não esquecendo Nico Gaitán. «Sempre esteve disponível para falar com os mais novos, com uma postura notável», lembrou, salientando uma amizade com Nolito, atualmente no Celta de Vigo. «Conheci jogadores que, apesar do seu estatuto, não tinham problemas em falar com os mais novos».

A relação com Jesus e a forma como o técnico fala com os jogadores

Na Luz, Nuno Coelho realizou apenas jogos amigáveis e foi cedido por empréstimo ao Beira-Mar. Apesar de não ter sido opção de Jorge Jesus, o jogador não guarda qualquer mágoa.

©Catarina Morais

«O mister Jorge Jesus não olha a caras e aos jogadores mais experientes ele também chama a atenção. Claro que com Aimar, por exemplo, com a sua experiencia no futebol, não é necessário estar sempre a corrigir. As probabilidades dele errar são menores, mas se tivesse que o fazer, o mister fazia», recordou o médio que também pode jogar a central.

Nuno Coelho
1 títulos oficiais

1	II Divisão
	2004/05

«Quero continuar a minha carreira como até aqui. Tenho 27 anos mas já estou na 11.ª ou 12.ª época como sénior. Já estive no estrangeiro, estou há muitos anos na Primeira Divisão. Quero continuar a jogar muito. Tenho contrato com o Arouca, que é um clube que me surpreendeu pela forma como nos dá condições e nunca falha em nada. Costumo mesmo dizer que fazem falta clubes como o Arouca. Creio que o Arouca merece estar no patamar em que está. Não tenho pressa de sair. Estou bem e feliz aqui», finalizou.