Ispeaksempolemicas 02-05-2024, 12:54
Seja qual for a maldição que haja no Benfica, pois a de Béla Guttman é apenas válida para a Taça dos Campeões Europeus, a verdade é que não quer deixar os encarnados. Em Turim, as águias estiveram perto do sonho mas pelo segundo ano consecutivo tiveram que deixar o relvado lavadas em lágrimas a ver o adversário festejar.
Primeiro o Chelsea, agora o Sevilla. Os jogadores orientados por Jorge Jesus fizeram quase tudo para levar o troféu para Portugal, mas faltaram os golos. Tiveram mais ocasiões para marcar do que os espanhóis, têm razões de queixa de arbitragem mas no final foram os guarda-redes que decidiram e aí o herói foi português...mas do Sevilla.
Beto, que já tinha sido decisivo nas grandes penalidades nos oitavos-de-final, quando o Sevilla bateu Real Betis, voltou a estar em grande na final contra o Benfica e defendeu dois dos quatro penáltis do Benfica, sendo fundamental para a festa espanhola em Turim.
O Benfica volta, assim, a deixar o palco de uma final de rastos, a oitava perdida de forma consecutiva. O brilhantismo de ter chegado a Turim, como disse Jorge Jesus antes do jogo, ninguém tira, mas a verdade é que no ano em que o clube perdeu dois símbolos lembrados pelos adeptos em todos os jogos e que estiveram presentes na última conquista europeia dos encarnados (Eusébio e Coluna), era outra a homenagem que os jogadores queriam dar.
A taça tem Espanha como destino. O Sevilla, com três portugueses no plantel, continua 100 por cento vitorioso em finais da Liga Europa (ganhou as três que disputou) e acabou com o pleno de triunfos do Benfica em finais contra equipas espanholas.
O treinador do Benfica optou por colocar André Almeida em campo e o português ocupou a posição de lateral-direito, fazendo com que Maxi Pereira subisse no corredor. Curiosamente, foi o internacional uruguaio quem teve a melhor situação para marcar em toda a primeira parte, tendo à entrada para o período de compensação feito um desvio mesmo na cara de Beto, valendo ao Sevilla os excelentes reflexos e a grande defesa do guarda-redes.
Mas a oportunidade de Maxi Pereira, seguida de um remate de Rodrigo que Beto também defendeu, basicamente foi a única registada ao longo de uma primeira parte jogada a um ritmo baixo e que teve o equilíbrio como nota dominante. Aliado a isto, nem sempre foi bem jogada, pois foram muitos os passes falhados dos dois lados. Notava-se claramente que nenhuma das equipas estava disposta a arriscar e a cometer erros, pelo que o calculismo esteve presente em todas as jogadas da etapa inicial.
Contudo, na última jogada antes do intervalo, os jogadores do Benfica ficaram a reclamar uma grande penalidade sobre Gaitán. O argentino surgiu isolado perante Beto e dá a ideia de que Fazio não toca na bola, mas sim no pé esquerdo do número 20 dos encarnados, dando a sensação de que deveria ter sido assinalado penálti e dado o respetivo cartão ao defesa do Sevilla, que no caso seria o vermelho direto ou, no mínimo, o segundo amarelo.
Para ganhar, as equipas tinham obrigatoriamente que apresentar um futebol menos receoso e mais rápido para conseguir desequilibrar e desorganizar o adversário e o Benfica foi a primeira a mostrar vontade de chegar ao golo, tendo estado perto de o conseguir logo aos 48 minutos. Lima surgiu em boa posição e rematou sem hipótese para Beto, mas Nico Pareja cortou em cima da linha. Na sequência do lance, Rodrigo também tentou alvejar a baliza espanhola mas Pareja voltou a bloquear o remate.
O jogo ficou mais aberto, partido mas era o Benfica que conseguia chegar com mais facilidade à área do Sevilla do que o contrário, tendo num curto espaço de tempo ficado por assinalar duas grandes penalidades a favor dos encarnados. A primeira com Alberto Moreno a derrubar Lima, o que seria o segundo amarelo e consequente expulsão para o espanhol, e a segunda por mão na bola de Daniel Carriço. Assim, ao fim de uma hora de jogo, o resultado era de 0x0 mas é um facto que as águias estavam a ser prejudicadas pela equipa de arbitragem, que até então tinha perdoado três penáltis ao Sevilla, sendo que em duas havia jogadores dos andaluzes a terem que receber ordem de expulsão.
A partir dos 60 minutos o jogo mudou de toada, com o Sevilla a obrigar o Benfica a recuar mais no terreno e a chegar várias vezes com relativo perigo à baliza de Oblak, que foi seguro nas intervenções que foi obrigado a fazer. O domínio dos comandados de Unai Emery, ainda assim, não impediu os encarnados de ficarem perto de marcar aos 72 minutos, com Maxi Pereira a conseguir entrar na área, a assistir Lima e o avançado brasileiro, em boa posição, a falhar o remate.
12 minutos se passaram sem se registar qualquer jogada de perigo junto das balizas, até que Lima, com um grande remate de fora da área, testou a atenção de Beto, que em voo fez uma excelente defesa para canto. Do canto cobrado por Gaitán resultou outro canto e aí foi Garay, ao segundo poste, quem esteve perto de inaugurar o marcador, tendo o seu cabeceamento saído a poucos centímetros da barra da baliza do Sevilla.
Os últimos minutos foram de sentido único, com o Benfica claramente por cima do Sevilla e a tentar marcar o golo que impedisse o prolongamento e garantisse a conquista do troféu, mas tal não foi possível e jogou-se mesmo por mais meia hora.
Cansaço não deixou fazer mais no prolongamento e penáltis foram inevitáveis
O Benfica começou por ter mais posse de bola, mas a melhor ocasião foi do Sevilla, num lance em que Carlos Bacca aproveitou uma falha de Rúben Amorim e surgiu sozinho na cara de Oblak. Contudo, o atacante colombiano não fez melhor do que rematar ao lado para desespero dos adeptos andaluzes, que até então tinham visto os encarnados mais perto da baliza de Beto.
Até ao lance de Bacca, Lima tinha sido o mais perigoso, rematando para defesa a dois tempos de Beto na conversão de um livre que toda a gente pensava que ia ser marcado por Cardozo. O paraguaio entrou no momento depois da falta e antes do lance ser cobrado, tendo-se até posto em posição de o bater mas apenas para tentar enganar o guarda-redes português do Sevilla.
Unai Emery decidiu apostar no goleador Kevin Gameiro na primeira parte do prolongamento, mas foi na segunda que o atacante que esteve em dúvida para esta final podia ter feito a diferença, num lance em que mostrou egoísmo e rematou à malha lateral quando tinha um companheiro completamente sozinho em plena área do Benfica.
Até aos 120 minutos, os guarda-redes não foram obrigados a grandes defesas e por isso foi sem surpresa que a final da Liga Europa avançou para a decisão por grandes penalidades, levando a ansiedade de toda a gente presente no estádio ao limite.
Lima foi o primeiro a tentar Beto e marcou para delírio dos milhares de benfiquistas. Seguiu-se Carlos Bacca, que terminou o prolongamento a andar, mas o resultado foi o mesmo. Golo do Sevilla. 1x1.
Óscar Cardozo foi o segundo do Benfica a bater, mas Beto adivinhou o lado e defendeu a grande penalidade. Do lado do Sevilla, Mbia, herói das meias-finais, não vacilou e bateu Oblak, colocando os espanhóis em vantagem. 1x2.
Terceira tentativa e segunda defesa de Beto. Rodrigo demorou a marcar, o guarda-redes português soube esperar e defendeu o remate do hispano-brasileiro. Pelos espanhóis, Coke, tal como Mbia e Bacca, levou a melhor sobre Oblak. 1x3.
Luisão, capitão do Benfica, tinha a responsabilidade manter os encarnados vivos e não falhou, batendo a grande penalidade sem dar hipótese de defesa a Beto, que foi para o lado contrário. No Sevilla, Kevin Gameiro também marcou e fez a festa ser espanhola em Turim. 1x4.
0-0 (4-2 g.p.) | ||