Benfica e FC Porto partem para o terceiro dos cinco episódios da época que opõem os dois históricos rivais no relvado. Mais do que um jogo, mais do que uma eliminatória, mais do que uma competição, está em causa uma superação no panorama do futebol português. Os dragões têm dominado nas últimas décadas, os encarnados têm ameaçado seriamente esse trono nos últimos anos, um trono que foi seu durante grande parte da história do futebol português.
A história conta, como sempre, mas é no presente que as equipas estarão focadas para esta partida. Um presente que sorri mais aos de Jorge Jesus, em vias de chegarem ao 33º título de campeão nacional, 'adiado' nas duas últimas épocas pela excelente persistência dos homens de Vítor Pereira e por uma dose repartida de demérito e de azar nas derradeiras partidas por parte dos encarnados.
Pelos dragões, a realidade recente de um afastamento tão precoce como raro da luta pelo título de campeão nacional, que havia sido perdido apenas uma vez nas últimas oito edições. A juntar a isso, um afastamento inesperado da Liga Europa, prova que tinha passado a prioridade.
Perante estados de espíritos distintos, registos iguais nos jogos até agora disputados entre ambos: na Luz, para o campeonato, 2x0 para as águias de Jesus, na semana posterior à morte de Eusébio; no Dragão, para a primeira mão desta meia-final, 1x0 a favor dos dragões e desperdício suficiente para a eliminatória continuar em aberto.
Mesmo sem presença assegurada no Jamor para nenhum dos emblemas, a vantagem é azul e branca. O golo de Jackson Martínez confere uma necessidade de ser o Benfica a assumir a partida, contra um FC Porto recolhido nessa vantagem, mas absorvido na sua atitude de galvanização que costuma ser elevada nos jogos decisivos.
No histórico das duas equipas, os dois titãs pautam igualmente por um grande equilíbrio os confrontos entre ambos. No total, 227 jogos, 84 vitórias para o Benfica, 88 para o FC Porto. Na Luz, para a Taça de Portugal, 18 partidas, 15 triunfos da águia, apenas uma do FC Porto, há três anos (1x3).
Jesus ameniza gestão no período pascal
Os últimos tempos têm sido de grande gestão na equipa encarnada. Alicerçada por um grande número de opções válidas, a turma de Jorge Jesus tem (finalmente) conseguido gerir as emoções físicas e psicológicas das longas temporadas de que costuma ser alvo e, da baliza à frente do ataque, todos têm recebido momentos consideráveis de descanso.
Todos menos o treinador, diga-se. É que Jorge Jesus, fiel ao seu estilo, apresenta-se num espaço de três em quatro dias sempre frenético no banco, embora agora com um discurso diferente: esta temporada, provavelmente pelas várias quedas na eta final, o treinador das águias tem optado por um discurso muito mais cauteloso e que se focou quase exclusivamente (no que diz respeito a prioridades) no campeonato.
Contudo, essa prova estará, salvo uma mudança totalmente inesperada - sim, em futebol tudo pode acontecer, se bem que o cenário de novo fracasso no campeonato se cifre agora em décimas de probabilidades - o título estará praticamente assegurado.
É, portanto, tempo para olhar para novas conquistas, o que é possível graças à excelente competência das 'segundas linhas', que foram passando as várias etapas da Taça da Liga, Taça de Portugal e Liga Europa, o que permite chegar a meio de abril com tudo ao alcance.
Para este desafio, e novamente dando como praticamente certo o campeonato nacional, o Benfica tem a possibilidade de dar o segundo 'pontapé' no rival, atordoado pela queda para terceiro lugar na Liga ZON Sagres, nada normal no histórico recente.
As taças da salvação
Não são as conquistas da Taça de Portugal e da Taça da Liga que salvam a época do FC Porto. Pinto da Costa já fez questão de frisar que nada apaga a deceção do campeonato e é assim que grande parte da nação portista pensa.
Porém, as taças internas sobem o seu tom de importância não apenas pela eliminação contra o Sevilla, para a Liga Europa, mas sobretudo por serem contra o Benfica.
Novamente com foco no título desta antevisão, é o FC Porto quem detém o trono do futebol português, com base nas últimas décadas, recheadas de conquistas nacionais e internacionais. Ainda assim, se um abanão momentâneo no campeonato é cíclico e, mesmo que não inevitável, natural de acontecer, uma dupla ou tripla derrota frente ao grande rival pode atirar o reino azul e branco para uma considerável depressão.
É certo que o reerguer costuma ser o resultado do ano imediato, só que a queda deixará de ser abrupta no caso de superação diante do Benfica - não dando os troféus como garantidos, uma final diante de SC Braga ou Rio Ave atribui natural favoritismo ao vencedor desta eliminatória.
Sabe disso Luís Castro, que não foi de modas e poupou consideravelmente na ida a Braga, onde não estiveram Ricardo Quaresma, Danilo, Herrera e Reyes, para além das poupanças a Mangala, Fernando, Jackson Martínez, Varela e Alex Sandro.
Pedro Proença é o árbitro
A partir das 20h45, rola a bola no Estádio da Luz sob as leis de Proença. Para alguns, o melhor do mundo, se bem que, para águias e dragões, um nome que não colheu total satisfação.
Se, para o Benfica, Pedro Proença tem coincido com vários desaires, interrompidos pelo recente 0x1 em Braga, para o FC Porto, o árbitro lisboeta até costuma presenciar sucessos dos dragões, mas esteve ligado ao 1x0 que marcou a derrota em Alvalade.
Todavia, a intenção é que Proença passe despercebido e, sobretudo, que as emoções surjam na Luz, do relvado para as bancadas, de Lisboa para o país. Um hino ao futebol, por favor...
Onzes prováveis:
Fotografias
3-1 | ||
Eduardo Salvio 17' Enzo Pérez 59' (g.p.) André Gomes 80' | Silvestre Varela 52' |