Ficou a uma semana de completar 365 dias como treinador do FC Porto. A estadia de Nuno, o treinador, no estádio do Dragão não chegou a um ano. Esta segunda-feira, o clube azul e branco anunciou a «rescisão por mútuo acordo», depois de uma época oscilante, com números interessantes mas sem títulos, o pedido que tinha sido feito a Nuno.
Foi a 1 de junho de 2016 que em pleno relvado do Dragão o novo treinador foi apresentado. Ao lado de Pinto da Costa, o ex-guarda-redes dizia que era «fundamental acabar com o clima de apreensão» gerado pela falta de títulos.
«Como jogador estive em planteis que ganharam tudo e agora como treinador é um sonho repetir isso. É fundamental que se acabe definitivamente com este clima de apreensão, porque o otimismo é o que nos vai levar novamente ao sucesso.» Palavras de Nuno no dia 1 como técnico do FC Porto.
O primeiro grande objetivo era chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Os dragões estavam no play-off e pela frente tinham a sempre perigosa AS Roma. Um empate (1x1) em casa, na primeira mão, gerou alguma preocupação, mas na capital italiana chegaria o primeiro momento de sucesso de Nuno; vitória por 3x0 e qualificação para os grupos.
A temporada avançou e as exibições do FC Porto teimavam em não estabilizar. A equipa oscilava entre prestações conseguidas e jogos «cinzentos» que alimentavam a dúvida entre os adeptos. A 22 de outubro de 2016, Nuno «quebrou» a rotina nas conferência de imprensa (quase sempre pobres em substância) e protagonizou uma das imagens da temporada, literalmente, quando desenhou num quadro os pilares do «ADN» do FC Porto.
Nuno Espírito Santo 2016/2017 |
Entretanto, na Europa, a equipa conseguiu o segundo objetivo: chegar aos oitavos de final, onde uma poderosa e experiente Juventus acabaria por levar a melhor. Não foi, seguramente, a prestação europeia a «tramar» Nuno no FC Porto; foi sobretudo o que se seguiu a isso que acelerou o processo de rescisão.
Cinco dias depois da eliminação na Champions, o FC Porto recebeu o Vitória de Setúbal com a oportunidade soberana de assumir a liderança do campeonato. Um momento crucial na temporada e que podia ter lançado o dragão para a conquista do título. Contudo, a equipa acusou o momento e respondeu ao empate do Benfica em Paços de Ferreira com um empate caseiro (1x1) frente ao V. Setúbal. Nuno entrava numa linha de «fogo cruzado» e ficava a saber que a tolerância passava a ser zero.
Uma tolerância que se esgotou a 23 de abril, na 30.ª jornada do campeonato. O líder - e futuro campeão - Benfica empatou em Alvalade; o FC Porto recebia o Feirense no dia seguinte e podia colar-se novamente às águias e, com isso, despoletar uma corrida «taco-a-taco» nas derradeiras jornadas. Mas a história repetiu-se e o FC Porto empatou sem golos... Uma «machadada» anímica que acabou confirmada com o empate na Madeira; uma semana depois o Benfica sagrou-se tetracampeão nacional.
Passou a ser inevitável. A derrota em Moreira de Cónegos, na última jornada, já mostrou uma equipa e sobretudo um treinador resignado com o desfecho. Um dia depois do final da época, Nuno «caiu» do banco portista, depois de uma temporada onde somou um número recorde de empates na história do FC Porto, apesar de ter conduzido a equipa mais goleadora de sempre no novo estádio do Dragão. Números que contam muito da história mas que não mascaram a frustração pela falta de títulos e intermitência exibicional da equipa.