Não foi brilhante a exibição do FC Porto, mas chegou para vencer em Chaves. A três jornadas do fim foi estranho ver uma primeira parte tão fraca do dragão, mas acabou por ter o mérito de estar sempre em crescendo no jogo e continua a pressionar o Benfica no topo da Liga NOS.
Nuno Espíríto Santo mexeu e muito. Jogou apenas com Soares na frente, colocando Otávio nas suas costas e abrindo as alas com Corona e Jota. Não estaria à espera de uma primeira parte tão má, mas teve a capacidade de espevitar a equipa ao intervalo.
Por seu lado, o Chaves foi uma sombra do que já se viu este campeonato. A equipa de Ricardo Soares foi defendendo de forma organizada, mas pareceu sem interesse no ataque. Normalmente quem jogar para o nulo acaba por perder...
Numa mistura de 4x3x3 com 4x2x3x1, a estratégia de Nuno Espírito Santo parecia clara: utilizar Otávio entre linhas para criar espaços e depois servir Soares. No papel fazia todo o sentido, ainda que Óliver parece ser mais talhado para essa missão. Já no campo as coisas não foram bem assim. Tudo porque o meio-campo do Chaves estava muito compacto e não muito recuado. Isso obrigou o FC Porto a um jogo direto que explorava a capacidade de Soares segurar o jogo.
Aos 26 minutos os dragões ganharam um canto do lado direito do ataque. Alex Telles correu da esquerda para bater a bola parada, mas quando lá chegou Diogo Jota preferiu ele bater o canto e o Chaves esteve perto de sair em contra-ataque aproveitando o buraco que Alex Telles deixou. Destacamos este lance por mostrar bem as dificuldades de entendimento e os constantes equívocos dos 11 jogadores escolhidos por Nuno Espírito Santo. Foi um lance que espelha bem a primeira parte do FC Porto.
É certo que olhar para o banco de suplentes e ver um treinador com um ar resignado não ajuda, mas jogadores como Jota ou Corona tinham de ter feito mais para apagar a ausência de Brahimi. Valeram os remates de longe de Rúben Neves e de Soares para não deixar adormecer as bancadas.
Essa nova postura valeu logo outro golo. O FC Porto pressionou alto, recuperou perto da área e André André teve espaço para rematar. Soares fez o golo na recarga. Apesar de termos sido muito críticos da exibição até ao golo, não podemos dizer que a vantagem não se ajustava e que não era merecida. O dragão foi a única equipa a atacar e a procurar o golo. Vimos um Chaves algo desinteressado com o ataque, mas preocupado em manter o nulo.
Ricardo Soares ainda arriscou após o golo de Soares ao colocar dois avançados fixos na frente. As coisas não melhoraram muito, apesar da mais capacidade de ter bola no meio-campo adversário. Essa maior ambição acabou por custar caro já que o FC Porto chegou ao segundo golo em contra-ataque por André André, após um grande passe de Otávio.
Valeu pela segunda parte a vitória do FC Porto. A equipa não quer entregar ainda mais o título ao Benfica e isso foi suficiente para carregar o dragão para uma vitória num terreno difícil. Ainda temos campeonato...