Emoção renovada na Liga espanhola, porque o FC Barcelona foi a Madrid fazer a única coisa que tinha de fazer: ganhar, e com dramatismo. Entrou a perder, logrou a viragem, concedeu o empate com mais um homem mas Messi resolveu aos 92 minutos (2x3). À 33ª jornada a La Liga renasce, com os catalães a igualarem os merengues na liderança (75 pontos), ainda que o Real Madrid tenha um jogo a menos.
Entrada cautelosa, às apalpadelas como se no Santiago Bernabéu o jogo ainda se fizesse às escuras. Demasiado era o receio de um passo em falso no período de aquecimento. Real e Barça sem segredos, com Bale de regresso no ballet branco de Zidane e Alcácer a fazer de Neymar no tridente de Luis Enrique; nem um nem outro seriam protagonistas de relevo no El Clásico.
Antes disso tudo, os dois golos. Primeiro o do Real Madrid, aos 28 minutos. Casemiro apareceu onde não é muito habitual e empurrou para a vantagem merengue, aproveitando uma bola devolvida pelo poste a remate de Sérgio Ramos. Acarinhava o título no sonho da vitória, a turma de Zidane, que estava ligeiramente melhor no jogo; mas o carrossel blaugrana já estava a carburar.
Minuto 33, Lionel Messi. O argentino tinha ensaiado uma cavalgada minutos antes, sem sucesso prático. Tudo diferente à segunda, depois de receber de Rakitica. Tira Modric, tira Carvajal e remate seco junto à relva, sem tempo de reação para Navas. Empate, como que ajustando o marcador ao equilíbrio que o jogo ia ditando.
E Cristiano? Um remate acrobático, aos 66 minutos, com sucesso contido - a bola saiu para a bancada - e um falhanço pouco comum no minuto seguinte, com o mesmo destino, ajudam a descrever a exibição do português. Esforçado, empenhado em deixar a sua marca, mas sem a fortuna do seu lado.
A ganhar e com mais um homem em campo, a praia do Barça. Qual quê! Zidane puxou de James Rodríguez do banco por troca com Benzema, aos 82 minutos, e demorou quatro minutos a recolher os juros. Marcelo no cruzamento, o colombiano a desviar ao primeiro poste para renovada igualdade no Bernabéu, pouco expectável à luz dos factos. Ato final? Nem pensar!
Jogada final do encontro, Sergi Roberto enche-se de fé e cavalga metros sobre o relvado merengue antes de entregar a André Gomes; o português contemporizou, deixou para Jordi Alba que no último suspiro procurou o único génio capaz de acabar com aquilo: Messi. Remate colocado, vitória culé, campeonato relançado. Que belo Clásico, meus senhores.
👑 🇦🇷 Lionel Messi chega aos 500 golos no Barcelona👑 Génio pic.twitter.com/kjdh90EzvW
— playmakerstats (@playmaker_PT) April 23, 2017
Dois golos decisivos, num encontro decisivo para o Barcelona. Messi foi, de longe, o melhor em campo, acelerando, rematando, fintando e... marcando. Iniciou a reviravolta culé com um slalom brilhante e confirmou-a com outro remate certeiro em cima do apito final.
É um belíssimo central, talvez dos melhores de sempre, mas tem um temperamento que em momentos importantes acabam por prejudicá-lo, e ao Real Madrid. A entrada a «matar» sobre Messi com os merengues em desvantagem foi tão escusada quanto violenta.