Aos 71 anos e com passagens por diversos clubes em Portugal e pela bem-sucedida aventura no Egito, Manuel José terminou a sua carreira como treinador.
Para anunciá-lo, o treinador que passou por Benfica e Sporting, entre outros, deu uma entrevista ao jornal ABola, onde conta momentos de uma carreira cheia de histórias e três arrependimentos em especial.
«Vou fazer 71 anos agora em abril, fi-lo também por razões de ordem familiar que não vêm ao caso. É a estabilidade familiar que está em causa. Tenho uma neta com cinco anos e quero vê-la crescer. Foram quase 13 anos fora do país, era o momento de terminar. Ainda tive um convite da académica, há dois anos e tal, mas não se consumou», dizendo que a Briosa e o V.Setúbal são os clubes que gostaria de ter treinado e não treinou na sua longa carreira, não querendo falar da opção FC Porto, mas das três vezes em que o «tiraram» da seleção.
«A minha frontalidade e independência tiveram um preço na minha carreira. Não vamos falar de novo na seleção mas tiraram-me de lá três vezes, uma delas três meses depois de já ser selecionador!».
Com uma carreira recheada de passagens por bastantes clubes em Portugal e alguns no estrangeiro, Manuel José guarda três arrependimentos: segunda passagem pelo Sporting, Benfica e seleção angolana.
Considerado um homem com personalidade forte e isenta, Manuel José afirmou que passou por histórias «inacreditáveis» no futebol, afirmando que, a dada altura «teve vergonha de andar no futebol».
«As pessoas falam muitas vezes da independência económica como a mais importante, mas não, não tem nada a haver. É tudo uma questão de carácter. Sempre fui assim. Lidei com gente difícil, tive pequenas coisas com alguns, conflitos sérios com outros... Mas ganhei todos os conflitos», afirma Manuel José, contando alguns desses conflitos.
«Houve um presidente que pus na rua, fora do balneário, em três ocasiões! Houve um, autêntico vigarista, que entrei na casa dele, apanhei-o pelos colarinhos e atirei-o contra uma coluna que ele lá tinha, e depois acabámos os dois a beber whisky e a comer amêndoas torradas... E os pagamentos não foram feitos na mesma...», conta Manuel José.
Terminada a sua carreira como técnico, Manuel José apenas olha para um treinador que tenha as mesmas características que ele próprio: Jorge Jesus.
«O Jorge Jesus não merece elogios, porque só está preparado para eles e nunca para as críticas. Já me chateei com ele, enquanto comentador isento que sou, e levou a resposta. Mas de todos os treinadores que estão em Portugal, ele é o melhor. Só que não o devemos dizer muitas vezes por causa da vaidade dele», deixando elogios à qualidade de jogo do Sporting, a «equipa a jogar melhor futebol em Portugal»