Leonardo Jardim: «Não sei se vou ser o Ferguson do Mónaco...»

Leonardo Jardim é, atualmente, um dos treinadores da moda no futebol mundial. Com uma carreira totalmente ascendente, Jardim «chocou» o mundo do futebol ao eliminar o Manchester City de Guardiola na Liga dos Campeões mas a carreira com o Mónaco na Ligue 1 também não pode ser deixada ao acaso.

Em entrevista ao jornal OJogo, Leonardo Jardim abordou vários temas da atualidade do futebol português, mundial e do seu Mónaco, onde afirma «sentir-se bem».

«Estou tão focado no Mónaco, principalmente nesta fase, que nem penso no futuro. Tenho mais dois anos de contrato e sinto-me bem. Não sei se vou ser o Ferguson do Mónaco... É um projeto de valorização de jogadores. Não é fácil manter o mesmo nível de todos os anos porque podemos perder alguns jogadores no final da época. As pessoas acreditam cada vez mais neste trabalho de fundo. as pessoas confundem jogar para ganhar com obrigatoriedade de ganhar. Enquanto o PSG, com o investimento que faz, está obrigado a vencer, nós temos ambição de ganhar dentro daquilo que é o nosso projeto», afirmou Leonardo Jardim, não escondendo a sua paixão pelo futebol inglês.

«O Mónaco não ganhou nada»

Visto como um dos melhores treinadores portugueses da atualidade, Leonardo Jardim não se deixa levar por esses elogios, referindo que o futebol português tem muitos treinadores de qualidade.

«Fiz uma carreira ascendente, passei por quase todas as divisões e, sempre que cheguei a um nível superior, as dúvidas eram muitas. Falando desta época desportiva, até este momento, pelo facto de ter conseguido o acesso aos quartos de final da Champions, onde não está mais nenhum português, e pela liderança do campeonato, aceito que eu seja um treinador bem-sucedido no panorama nacional. Mas a realidade é que o Mónaco não ganhou nada; só deu bons espetáculos, jogou bom futebol e promoveu jogadores», acrescentou.

A nova tendência dos treinadores

O treinador do Mónaco acredita que, em breve, os clubes apostaram em treinadores que rentabilizam os ativos, sem «comprar, comprar e comprar», dando o exemplo do Mónaco e Manchester City.

«O futebol também não é só investimento. li que o nosso onze tinha custado menos que o De Bruyne sozinho. Mas o futebol é um jogo coletivo, não é só a soma das partes. se fosse, os mais ricos ganhavam sempre», disse Leonardo Jardim, falando ainda da nova tendência de treinadores.

«Trabalho para ganhar, como todos os treinadores. Mas, acima de tudo, trabalho para rentabilizar mais do que os outros. Com certeza, no futebol, quem investe mais vai ganhar mais. Nos treinadores, reconheço as competências dos que fazem mais com menos. É um conceito de treinador que se vai afirmar no futuro. A tendência para querer saber se o treinador tem capacidade para valorizar o que existe e não apenas comprar, comprar e comprar», concluiu.