moumu 27-04-2024, 05:52
O nome Wendell LIra não será conhecido por muitos. Talvez os mais atentos ao futebol se lembrem deste nome depois da atribuição do Prémio Puskas, para o melhor golo de 2015. Este ilustre desconhecido venceu essa distinção com um golo acrobático marcado ao serviço do Goianésia ficando à frente de golos de craques como Messi ou Tevez.
Será estranho olhar para este atleta de 28 anos, ver que agora já não joga futebol e dedica a sua vida a jogar o jogo de consola FIFA. Muitos dos que acabaram de ler esta frase provavelmente esboçaram um sorriso, por achar que o Lira é «meio maluco» por deixar o futebol para se dedicar aos jogos de vídeo. O certo é que Lira esteve no Football Talks esta quarta-feira e explicou o porquê da sua decisão. A sua história impressionou quase todos os que a ouviram.
Depois de aparecer no Goiás brilhou num campeonato brasileiro sub-20, onde foi o melhor marcador e o jogador revelação. Começou a aparecer nas camadas jovens do Brasil e chegou a ser apelidado de «o novo Robinho». Estávamos no ano de 2007 e tudo corria bem a Lira. Corria tão bem que os italianos do Milan apresentaram uma proposta de dois milhões de euros por si.
O Goiás não aceitou a proposta por achar pouco e, azar dos azares, duas semanas Wendell sofreu uma grave rotura de ligamentos e esteve um ano e meio sem jogar. Essa «pausa» na carreira levou a que o Goiás o tivesse emprestado e, mais tarde, não tivessem renovado o seu contrato.
«Depois de sair do Goiás estive quatro meses desempregado. Já sem dinheiro e desesperado aceitei ir jogar para a Série C. Estive bem no clube e marquei muitos golos. No final da temporada tinha dez propostas para sair e voltei a pensar que ia dar tudo certo na minha carreira», acrescentou.
Mas a realidade voltou a ser madrasta para Lira. Uma nova lesão grave atirou-o novamente para o desemprego. Andou por vários clubes pequenos até que chegou ao Goianésia, em 2015. A mãe já lhe tinha pedido para deixar o futebol, mas Lira quis continuar a tentar. Foi nesse clube que marcou o golo que o atirou para o estrelato. «Estava a jogar perante um público de 346 pessoas quando fiz o golo ao serviço do Goianésia»
«Depois voltei a ser dispensado por lesões e a minha mãe levou-me para trabalhar na lanchonete que ela tinha aberto. As coisas corriam bem, mas eu sentia uma grande frustração por não ter conseguido singrar no futebol. Até que um dia recebo umas chamadas de um número anónimo na qual me dizem que eu estou nomeado para o prémio Puskas. Eu nem sabia o que isso era», disse.
Wendell Lira não só ganhou o prémio, como ainda conheceu o seu ídolo, Cristiano Ronaldo. Voltou a acreditar no futebol.
«Na altura tinha recebido uma proposta do VIla Nova e pensei que com novo clube e com o prémio Puskas tinha tudo para ter finalmente uma carreira a sério. Não foi o que aconteceu e umas semanas depois de ter estado na Suíça já estava a ser despedido outra vez», diz Lira. «Dessa vez nem me disseram o porquê. Só me disseram que não podia entrar mais no centro de treinos e que tinha dois dias para deixar a casa que eles me tinham dado. Fiquei farto e magoado com o futebol. Foi o final do sonho para mim», acrescentou.
«Eu estava muito nervoso antes de começar a gala e houve uma pessoa que me perguntou se eu queria jogar uma partida de FIFA numa consola. Eu disse que sim. Ele só falava inglês e eu não seu falar inglês. Perguntei quem ele era e disseram-me que era o campeão do Mundo de FIFA. Acabei por ganhar por 6x1. Esse feito acabou por fazer notícia e quando fui despedido acabei por ser convidado para fazer vídeos de FIFA para o Youtube e para ser jogador profissional. Atualmente sou um dos melhores do Mundo e sinto-me realizado», finalizou Lira, visivelmente emocionado...