Violinos: é tudo uma questão de afinação

Claramente este foi o Sporting com a melhor melodia para os seus adeptos. E tinha de ser, já que esta turma do maestro Jorge Jesus já trazia grandes ensinamentos de acordes da época passada. Foi juntar a orquestra, limpar alguma ferrugem e deixar que os músicos mostrassem aos adeptos que esta pode muito bem ser a música de embalo para o título.

Não há dúvidas que tinha sido pálida a imagem dada até agora na pré-época do leão. Como não há dúvidas de que Jorge Jesus sabia que isso era normal e pouco relevante. Como não há dúvidas de que Rui Patrício, Adrien Silva, William Carvalho e João Mário são enormes valores acrescentados - todos titulares na final do Euro, basta recordar. E, obviamente, não há dúvidas que a dimensão é incomparavelmente superior da equipa.

Slimani marcou ©Global Imagens /

Faltará um pouco de estabilidade defensiva, que costuma ver com os jogos - e convém não esquecer que, diz o passado mais recente, os inícios de época de Jorge Jesus são mais tremidos no capítulo defensivo, mas que a solidez aparece e para ficar.

Ainda assim...

A tal questão da afinação leva tempo. Jorge Jesus, o maestro da orquestra de novos violinos, sabe-o e já fez questão de o dizer e repetir. Mais do que sinais e alertas, o técnico quer que os mais novos entrem no esquema.

Porque, se a primeira parte do leão foi de muito bons sinais (não deslumbrando, foi eficaz ofensiva e defensivamente), a segunda, com o decorrer das substituições e das mudanças constantes, foi de alerta. É preciso mais, seja dos que estão, seja dos que ainda estarão para vir.

Podence teve direito a raspanete ©Global Imagens /

Só que, se esses são aspetos que podem ser corrigidos, outros são mais preocupantes: a falta de uma alternativa de ataque e outra solução para trás, já que Naldo e Ewerton, que de certeza não desaprenderam, parecem com falta de confiança e longe do seu melhor nível. Isto já não falando de Aquilani, que parece já não ter a cabeça a 100 por cento em Alvalade - Meli deve significar a saída do italiano.

A orquestra ainda não está completa. Bruno de Carvalho sabe disso, Jorge Jesus também. Mas não falta assim tanto. Depois, é uma questão de olear as máquinas e dar música.