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Taça UEFA 2004/2005
Grandes jogos

Sporting x Newcastle: Uma das mais épicas noites europeias do novo Alvalade

Texto por Jorge Ferreira Fernandes
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Em comparação com os seus principais rivais, o Sporting não viveu tantos tempos de glória durante largos anos no século XXI. De costas voltadas com os principais títulos e as campanhas europeias de sucesso que se contam pelos dedos. Talvez por isso, os momentos mais inesquecíveis estejam ainda mais na memória dos adeptos verde e brancos, como este vivido na noite de 14 de abril de 2005. 

O adversário que se colocava pela frente ao Sporting de José Peseiro era o Newcastle, que já não lutava pelo título, é certo, mas que era claramente de estatuto europeu, com jogadores de alto nível e com um líder e avançado que pulverizava recordes através do golo, como Alan Shearer. Os ingleses acabaram goleados, por 4x1, e eliminados, naquela que foi a primeira grande noite do novo Alvalade

Reviravolta histórica 

Convém recordar que, nesta segunda-mão dos quartos da então denominada Taça UEFA, os leões estavam em desvantagem, fruto de uma derrota pela margem mínima (1x0) no St James Park. Numa altura em que tentava jogar em dois tabuleiros diferentes, Peseiro não procedeu a grandes alterações entre o onze da Liga e o onze europeus e o Sporting acabou por sentir na pele o poderio britânico. A cabeçada vitoriosa de Shearer permitiu uma vitória tangencial ao Newcastle, um resultado que abria boas perspetivas para a segunda-mão, mesmo que o cartão amarelo visto por Liedson significasse ausência certa do Levezinho no jogo de Alvalade

Para fazer companhia a Sá Pinto, sete dias depois, apareceu Niculae na frente de ataque da equipa portuguesa, que até começou por ficar numa situação ainda mais desfavorável, fruto do golo do médio Kieron Dyer, que aproveitou um desentendimento entre Polga e Rui Jorge, a fechar a segunda dezena de minutos. Já era preciso marcar três golos a uma das melhores equipas inglesas e nem mesmo o desvio vitorioso do romeno chamado a substituir Liedson foi suficiente para apagar uma ideia forte em tempo de intervalo: o Sporting precisava de algo muito próximo da perfeição para conseguir ultrapassar mais um obstáculo neste grande percurso europeu. 

Um tal de Shearer brilhava no Newcastle @Getty / Mike Hewitt

Aos poucos, durante a segunda parte, foi-se percebendo um recuo excessivo do Newcastle no terreno, recuo esse que foi devidamente aproveitado pelo Sporting para pressionar ainda mais alto, para correr ainda mais riscos, aumentando assim o espaço nas costas da defesa, para circular a bola cada vez mais perto da área de Given. No meio de todo este pequeno massacre, ganhava protagonismo um grande jogador de 18 anos, João Moutinho, capaz de oferecer qualidade em todos os momentos e de aparecer, basicamente, em todo o lado. 

À entrada para os últimos 20 minutos, Sá Pinto aproveitou uma defesa incompleta do guardião adversário para dar esperança à sua equipa e acordar de vez Alvalade. Peseiro optou por dar uma oportunidade a Pinilla, que não tinha saído do banco nas últimas seis ocasiões, e o Sporting ganhou uma referência, capaz de ganhar o canto que acabou por se transformar quase num penálti para os leões. Rochemback bateu, Beto subiu mais alto para carimbar a reviravolta. Delírio, loucura, chame-lhe o que quiser, o estádio do Sporting foi invadido por uma mistura caótica de sentimentos. O sonho de jogar a final em casa via-se muito mais do que uma simples luz ao fundo do túnel. 

Ali, numa situação francamente frágil, o Newcastle tinha mesmo de sair da posição conformista e ir em busca de mais qualquer coisa. E o certo é que Ricardo ainda apanhou um valente susto, num remate que nem chegou a sê-lo de Fayé, antes de Rochemback, sim, um dos médios, em teoria, de cariz mais defensivo, aparecer no último terço para roubar a bola e terminar com todas as dúvidas, numa finalização calma, segura, que fez estremecer de vez as bases do novo Alvalade

Era tempo de cantoria, de festejo, de celebração por uma noite para mais tarde recordar. Quem lá esteve jura que não esquece e o futebol tem a obrigação de respeitar este tipo de memória. O título, no final, foi para o CSKA, mas o caminho até lá chegar fez-se destes e de outros episódios marcantes. 

Comentários

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motivo:
JI
Reviravolta
2023-04-14 18h17m por Jito98
Pode ser que aconteça novamente isto. A equipa contra quem o Sporting joga também veste o preto e branco de listas verticais e também tem vantagem de 1-0 na 1ª mão
jogos históricos
U Quinta, 14 Abril 2005 - 20:15
Estádio José Alvalade
Peter Fröjdfeldt
4-1
Marius Niculae 40'
Sá Pinto 71'
Beto 76'
Fábio Rochemback 90'
Kieron Dyer 20'
Estádio
Estádio José Alvalade
Lotação50095
Medidas105 x 68 m
Inauguração2003